Política externa voltada ao gênero: a cooperação internacional para o desenvolvimento da França e da Islândia

Abstract

A análise de política externa busca explicar os determinantes, a formação da agenda e os processos de decisão e de implementação da política externa de um Estado. Interseccionada a temas como a teoria feminista internacional, permite pensar em uma política externa voltada à promoção da igualdade de gênero, ou política externa feminista, a qual vem ganhando atenção dos Estados nos últimos anos. Essa política está vinculada a regimes internacionais, como a Resolução 1325 da Agenda de Mulheres, Paz e Segurança da ONU, o Regime Internacional de Direitos Humanos e o Sistema Internacional de Cooperação para o Desenvolvimento. A cooperação internacional é uma dimensão da política externa, a qual pode ser direcionada ao desenvolvimento - nesse caso, o desenvolvimento que tem a igualdade de gênero como prioridade. Assim sendo, a presente pesquisa explicou o funcionamento da cooperação internacional para o desenvolvimento e apresentou como a igualdade de gênero virou um de seus objetivos, além de ter analisado e comparado a cooperação internacional voltada ao gênero da França e da Islândia, apresentando seus históricos políticos interno e externo, suas relações, doações e projetos relevantes. Metodologicamente, utilizou-se da revisão bibliográfica de obras de autores e de estudiosos que se debruçaram sobre as teorias e os conceitos pertinentes ao entendimento do tema proposto, além de documentos, planos estratégicos, declarações e relatórios divulgados por organizações e pelos portais oficiais dos governos dos países estudados. Com isso, permitiu-se a comparação entre as duas cooperações para o desenvolvimento voltadas a igualdade de gênero através de quatro principais critérios: parceiros e interesses; a influência das mulheres versus o foco na economia; cooperação com organizações da sociedade civil e, por último, a contribuição com os setores fundamentais para reduzir as desigualdades de gênero. Como conclusão, mostrou-se que, mesmo ainda pouco adotadas, a abordagem de gênero na política externa e a participação dos atores da sociedade civil nas decisões de política externa são essenciais e têm trazido resultados para a manutenção dos direitos das mulheres, especialmente as de países em desenvolvimento.