Relação entre capacidade de sprints repetidos e índices de desempenho aeróbio e anaeróbio em tenistas juvenis de nível nacional de ambos os sexos

Abstract

As informações acerca de testes de aptidão física com jovens tenistas ainda são poucos na literatura, embora seja um dos esportes mais praticados no mundo. De modo geral, as relações entre a capacidade de sprints repetidos (CSR) e índices de aptidão aeróbia e anaeróbia já são bem documentadas, entretanto, alguns resultados são conflitantes. Além disso, a relação entre a reserva de velocidade anaeróbia (RVA) e a CSR ainda foi pouco investigada. Para melhorar o processo de treinamento da CSR, o conhecimento dos fatores determinantes da CSR em jovens atletas tenistas do sexo masculino e feminino precisam ser melhor explorados na literatura. Portanto, o objetivo do presente estudo foi analisar as relações entre a capacidade de sprints repetidos e os índices de desempenho aeróbio intermitente e componentes de velocidade em jovens tenistas de alto rendimento de ambos os sexos. Participaram do estudo 32 tenistas, sendo 12 do sexo feminino e 20 do sexo masculino, com idade entre 12 e 17 anos. Foram realizadas as seguintes avaliações: i) avaliação antropométrica; ii) avaliação de desempenho aeróbio a partir de um teste incremental de corrida intermitente (TCAR); iii) teste de sprint de 30 m e iv) teste de sprints repetidos (CSR). A partir dos dados dos testes foram determinados os seguintes índices: velocidade aeróbia máxima (VAM), velocidade máxima em sprint (VMS), reserva de velocidade anaeróbia (RVA), tempo médio dos sprints (TM), índice de fadiga (IF), porcentagem de decréscimo entre os sprints (%Dec). Para correlacionar os índices do teste de sprint repetidos com a VAM, VMS e RVA, foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson. Para a comparação dos índices de desempenho aeróbio e anaeróbio entre os sexos foi utilizado o teste t de Student para dados independentes. Para todas as análises foi estabelecido o valor de significância de 5%. No sexo masculino, o TM apresentou correlações negativas quase perfeita (r = -0,96) e muito alta (r = -0,81 e r = -0,85) com a VMS, VAM e RVA, respectivamente. No sexo feminino, o TM apresentou correlações negativas muito alta (r = -0,88 e r = -0,72) e alta (r = -0,69) com a VMS, VAM e RVA, respectivamente. Nenhum dos índices de fadiga (IF e %Dec) apresentou correlações significativas com os índices de desempenho para ambos os sexos. Os índices de desempenho foram significativamente diferentes entre os sexos, exceto para os índices de fadiga. Em conclusão, os resultados do nosso estudo confirmam que fatores neuromusculares (i.e, VMS) são os principais preditores de performance na CSR enquanto que elevados níveis de aptidão aeróbia determinada de modo intermitente, parece ser um fator determinante para a manutenção do desempenho próximo ao máximo em sprints repetidos. Já as diferenças observadas entre os sexos se dão principalmente devido as diferenças morfofisiológicas entre homens e mulheres. Portanto, esses resultados sugerem que, para melhorar a CSR, é importante implementar um treinamento específico direcionado para a melhoria dos componentes da velocidade e aptidão aeróbia.

Information about physical fitness tests with young tennis players is still scarce in the literature, although it is one of the most practiced sports in the world. In general, the relationships between the capacity of repeated sprints (RSA) and aerobic and anaerobic fitness indexes are already well documented, however, some results are conflicting. In addition, the relationship between the anaerobic speed reserve (ASR) and RSA has been little investigated. To improve the RSA training process, knowledge of the determinant factors of RSA in young male and female tennis players needs to be further explored in the literature. Therefore, the objective of the present study was to analyze the relationship between the capacity of repeated sprints and the intermittent aerobic performance indexes and speed components in young high-performance tennis players of both genders. 32 tennis players participated in the study, 12 female and 20 males, aged between 12 and 17 years. The following assessments were performed out: i) anthropometric assessment; ii) assessment of aerobic performance from an incremental intermittent run test (TCAR); iii) 30 m sprint test and iv) repeated sprint test (RSA). From the test data, the following indices were determined: maximal aerobic speed (MAS), maximal sprint speed (MSS), anaerobic speed reserve (ASR), average sprint time (MT), fatigue index (FI), percentage of decrease between sprints (% Dec). To correlate the repeated sprint test indexes with the MAS, MSS and ASR, Pearson's correlation coefficient was used. To compare the aerobic and anaerobic performance indices between the genders, Student's t test was used for independent data. For all analyzes, a significance value of 5% was established. In males, the MT showed negative correlations that were almost perfect (r = -0.96) and very high (r = -0.81 and r = -0.85) with MSS, MAS and ASR, respectively. In females, the MT showed negative correlations that were very high (r = -0.88 and r = -0.72) and high (r = -0.69) with MSS, MAS and ASR, respectively. None of the fatigue indices (FI and %Dec) showed significant correlations with the performance indices for both genders. The performance indices were significantly different between genders, except for fatigue indices. In conclusion, the results of our study confirm that neuromuscular factors (ie, MSS) are the main predictors of performance in ASR while high levels of aerobic fitness determined intermittently, seem to be a determining factor for maintaining performance close to maximum in repeated sprints. The differences observed between the sexes are mainly due to the morphophysiological differences between men and women. Therefore, these results suggest that, in order to improve ASR, it is important to implement specific training aimed at improving the components of speed and aerobic fitness.