DEMOLIR OU REFORMAR: DISCUSSÃO SOBRE O CICLO DE VIDA DE EDIFICAÇÕES EDUCACIONAIS PÚBLICAS

Abstract

As decisões da Administração Pública, no gerenciamento de seus edifícios, devem ser baseadas em critérios técnicos e econômicos. Ao optar entre a recuperação e a substituição, tende a desconsiderar a dimensão sócio-ambiental. O processo de recuperação é naturalmente incerto e características das edificações existentes podem ser um entrave para que sejam estabelecidas condições ótimas de utilização. Quando se avalia performance e segurança, sistemas inteiramente novos apresentam desempenho superior e maior durabilidade. Com a justificativa de adotar critérios técnicos e econômicos, tende-se a "começar do zero". Assim, como decidir em favor da sustentabilidade? Duas instituições federais de ensino, a Universidade Federal de Santa Catarina e o Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina, podem servir como exemplo desta discussão. Suas edificações foram construídas com base em padrões aplicáveis nas décadas de sessenta e setenta. As mudanças nas tecnologias de informação e no processo de ensino e aprendizagem, os novos regulamentos quanto à acessibilidade e segurança e até mesmo as mudanças nos valores da sociedade afetam negativamente a avaliação das condições de uso de seus prédios. Não é fácil e não é barato adaptar estas edificações para que tenham um desempenho compatível com as demandas atuais. A emergência da degradação ambiental, porém, requer um pensamento renovado, comprometido em minimizar os impactos decorrentes do descarte e do consumo de novos materiais. Este artigo discute alguns dos desafios na gestão de facilidades educacionais pela Administração Pública e apresenta alguns argumentos em favor da ampliação do ciclo de vida deste tipo de edificação.