A inutilidade na poesia de Manoel de Barros: silêncios iluminados ou do olvido à voz

Abstract

Partindo da leitura de poemas e entrevistas de Manoel de Barros, este trabalho pretende discutir a questão da inutilidade em sua poesia, de modo a mostrar que o poeta atribuía valor a tudo que costuma ser considerado inútil, desimportante e desprezível pela sociedade moderna, lançando, assim, um novo olhar às coisas ? as quais, segundo o poeta, alcançam o estágio de poesia somente quando perdem a sua função ? e aos seres marginalizados ? entre esses, especialmente, o andarilho e o indígena ?, trazendo-lhes à memória e dando-lhes voz. Com base em Walter Benjamin, proponho que Manoel de Barros ?escovou a poesia a contrapelo?, bem como discutirei a importância das ruínas da história e do processo de fragmentação, próprios da Modernidade, para o seu fazer poético. Abordarei, ainda, a influência da ascendência indígena de Manoel de Barros para o seu ?olhar para baixo? e, portanto, para a sua poesia.

Abstract: As of the reading of poems and interviews of Manoel de Barros, this work intends to discuss the question of uselessness in his poetry, showing that the poet atributted value to everything that?s usually considerated uselless, unimportant and despicable by the modern society, so casting a look to the things ? according to the poet, which reach the stage of the poetry only when lose its function ? and to the marginalizated beings ? among these, especially, the wanderer and the indigene -, bringing them to the memory and giving them voice. Based on Walter Benjamin, I propose that Manoel de Barros ?brush the poetry against the grain? and I will discuss the importance of the ruins of the history and of the process of fragmentation, owns of the Modernity, for his poetic making. Also I will approach the influence of the indigenous ancestry of Manoel de Barros to his ?look down? and so to his poetry.