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Diante das situações adversas que o modelo econômico capitalista vem submetendo a sociedade, as ruas têm sido ocupadas por uma população que encontra nos diferentes espaços urbanos um local de moradia, contrastando com as formas de sobrevivência socialmente aceitas. A População em Situação (PSR) sofre com as diferentes exclusões, sendo tratada como excedente inclusive pelo Estado, que frequentemente atua com práticas abertamente higienistas. Nesse cenário, a formação em saúde vem sendo estruturada em um modelo biomédico, altamente biologicista, tecnicista, voltado para o mercado, tendo como eixo formador a lógica do padrão e da norma, sem reconhecer as diversidades existentes na sociedade. Por este motivo, esse trabalho tem como objetivo contribuir, por meio da formulação de um projeto de extensão universitária (EU), para a formação na área da saúde, a partir da aproximação da realidade da PSR. Busca-se estimular a compreensão dos sujeitos na sua ipseidade e fomentar a reflexão acerca das concepções sobre o processo saúde-doença-cuidado que perpassam a formação em saúde. O trabalho foi construído a partir de uma revisão bibliográfica, a fim de propiciar um maior contato com o que já se tem produzido sobre o tema investigado, buscando a ampliação dos conhecimentos e dos horizontes. E também a partir da prática vivenciada no período de estágio no Consultório na Rua do município de Florianópolis, Santa Catarina, utilizando esse momento para se aproximar dos profissionais que atuam diretamente com a PSR, assim como da própria população. A revisão bibliográfica abordou os seguintes temas: saúde da PSR; construção social dos conceitos de corpo, saúde, doença e cuidado; ensino em saúde e extensão universitária. A vivência e o contato com a rua permitiram reflexões, que somadas às leituras, serviram de base para a construção de uma proposta de projeto de extensão multiprofissional e interdisciplinar na área da saúde, envolvendo PSR. Partiu-se da compreensão da EU como ingrediente importante na construção da coesão social, no aprofundamento da democracia e na luta contra a exclusão social, pensando em um espaço que estimule os estudantes a terem um olhar capaz de ressignificar conceitos e preconceitos, que promova a inquietação frente às vulnerações presenciadas, e que estimule a criticidade, a criatividade e o desejo por transformações. Deste modo, vislumbra-se o devir no processo de ensino-aprendizagem em saúde, buscando a formação de profissionais de saúde ético-políticos, críticos e reflexivos, capazes de enxergar as diferentes formas de ser e estar no mundo, estando disponíveis a serem afetados pelos indivíduos, para assim cuidar respeitando as suas singularidades, pensando para além das concepções de normalidade, e do cuidado fragmentado e prescritivo. |
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