Abstract:
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Teve a impressão que da janela vinha uma claridade fria e fantástica trazida pela noite imemorial. Uma claridade indefinida, fantasmal, que apenas, como um halo, circundava os objetos, ressaltando os seus contornos, sem revelar no entanto a essência e os detalhes de suas formas. As pessoas na sala mais adiante eram agora silhuetas que se agrupavam em várias posições. Silhuetas estáticas, como se a ausência da luz despertasse no íntimo de cada uma inquietações primitivas. Talvez por essa razão começassem a cantar num murmúrio um canto sem palavras, gutural, que lembrava o zumbido de infinitos insetos. |