Explicações reducionistas no discurso científico sobre o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade desde 1950

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Explicações reducionistas no discurso científico sobre o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade desde 1950

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Título: Explicações reducionistas no discurso científico sobre o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade desde 1950
Autor: Brzozowski, Fabíola Stolf
Resumo: O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) se tornou um transtorno psiquiátrico bastante difundido, inclusive fora dos muros acadêmicos e clínicos. Muitas das informações veiculadas nesses ambientes provêm do discurso científico, conhecimento que possui bastante crédito perante a sociedade. De maneira geral, esse discurso descreve o TDAH como uma condição psiquiátrica altamente prevalente na população em geral, de origem genética, que produz alguma alteração cerebral, responsável pelos comportamentos considerados característicos do transtorno, tratável com medicamentos estimulantes. Para entender a configuração atual do discurso científico em torno do TDAH, é necessário analisar como a definição do transtorno e seus tratamentos foram mudando ao longo do tempo. Dessa forma, nosso objetivo é analisar o discurso científico do TDAH e seus tratamentos (principalmente o metilfenidato), desde a década de 1950, a partir de dois periódicos (The American Journal of Psychiatry e Pediatrics) e das diferentes edições do DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders). Descrevemos alguns conceitos de explicações reducionistas e como esses conceitos aparecem no discurso neurocientífico atualmente para, a partir disso, analisar o caso do TDAH. Em seguida, investigamos os diagnósticos e conceitos relacionados ao TDAH desde 1950, a fim de entendermos de que forma as explicações biológicas reducionistas se tornaram hegemônicas no discurso analisado. Os diferentes tratamentos utilizados para problemas de atenção e agitação em crianças também foram examinados, com ênfase nos medicamentos estimulantes, principalmente o metilfenidato. Apresentamos uma breve descrição desse fármaco, seus usos, mecanismo de ação e efeitos adversos. O uso dos estimulantes permite a existência e a manutenção do discurso biológico reducionista em torno do TDAH. Fazemos uma crítica a esse tipo de argumento, que apareceu durante todo o período analisado; e afirmamos que elementos de vários níveis explicativos devem ser levados em consideração para explicar os comportamentos. A resposta positiva ao tratamento medicamentoso foi o principal argumento para a aceitação da hipótese biológica do TDAH. Mesmo que ainda não tenha sido possível provar essa hipótese até hoje, a responsividade aos estimulantes ainda é utilizada para mantê-la. Este argumento é frágil, primeiramente porque até pessoas "normais" respondem aos fármacos estimulantes. Além disso, mesmo supondo que o TDAH é uma doença, não podemos postular uma causa para ele baseada no mecanismo de ação de um medicamento sintomático. Assim, defendemos que os resultados dos estudos sobre o TDAH hoje são insuficientes para justificar que esse transtorno é uma doença biológica. Tratar todos os comportamentos diferentes como doenças, ou simplificálos, pode nos levar a ignorar as individualidades e esquecer as singularidades de cada um <br>
Descrição: Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, entro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, Florianópolis, 2013
URI: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/106846
Data: 2013


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