Abstract:
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O trabalho expõe os resultados de uma pesquisa sobre os impactos da reestruturação produtiva iniciada em meados dos anos 1980, com recrudescimento nos anos 1990, sobre as condições vividas pelos trabalhadores metalúrgicos no ramo automotivo, especialmente da General Motors, em S. José dos Campos-SP. No âmbito da flexibilização da produção, estratégia globalizada no ramo automotivo, verifica-se a hipótese de precarização do trabalho e da vida dos trabalhadores do setor, e a resultante vulnerabilidade social destes, em meio a um cenário de grande desenvolvimento econômico de S. José dos Campos-SP. Procura a investigação se acercar do sentido daquela precarização, e assim, estabelecer os nexos entre a vulnerabilidade social dos metalúrgicos e as grandes transformações na base técnica da montadora, carro-chefe da produção industrial na região do Vale do Paraíba. A reestruturação produtiva implicou em flexibilização das relações de trabalho, com maior evidencia na terceirização de mais de um terço de sua força de trabalho. Também as relações sociais mais amplas dos metalúrgicos foram flexibilizadas, como atestam o aumento significativo do fluxo migratório intra-regional, as dificuldades de fixação no espaço urbano decorrentes do empobrecimento dos trabalhadores, o intermitente deslocamento intersetorial dos metalúrgicos demitidos ou sub-contratados e a desestruturação familiar do metalúrgico, entre outras ocorrências. Tais dinamismos de flexibilização conjugaram-se para diluir formas de sociabilidade construídas ao longo dos anos com repercussão sobre a identidade metalúrgica dos trabalhadores do setor automotivo. Neste contexto, a investigação empalmou com novas formas de luta e organização social que, em sinergia com a referência classista do Sindicato dos Metalúrgicos, redimensionou e redefiniu as estratégias adotadas de resistência. Agora mais amplas e fundadas em lutas urbanas, como por exemplo, contra o desemprego e pela moradia. Esse processo significou para os trabalhadores da GM - entre terceirizados, desempregados e os trabalhadores com carteira assinada - uma nova mediação entre a sua condição de vítimas do processo de flexibilização e a sua condição de sujeitos sociais com capacidade de criar alternativas, em última instancia, aos desígnios do capital. |