Abstract:
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Este estudo tem por objetivo apresentar reflexões em torno da pobreza no capitalismo. Inicialmente, faço um levantamento bibliográfico visando mostrar como o fenômeno pobreza tem sido definido. De modo especial, estabeleço um diálogo com teóricos social-democratas que estudam esse fenômeno, buscando apresentar as limitações das explicações oferecidas por eles a este respeito. Tais teóricos entendem que a pobreza pode e deve ser diminuída/erradicada no interior do capitalismo, o que leva à compreensão de que o fenômeno pode ser definido como conjuntural. Ao compreender dessa forma, a análise das causas, bem como a sugestão de soluções para a pobreza apresentam-se descoladas da realidade social fazendo com que o discurso dos social-democratas, apesar de crítico, apareça como discurso ideológico que favorece a manutenção da ordem do capital. Dentre os problemas da análise social-democrata sobre a pobreza, o maior está relacionado à defesa da possibilidade de controle do sistema sociometabólico do capital a partir da ação do Estado, tanto no que diz respeito ao âmbito nacional como ao global. Como contraposição a este tipo de compreensão e análise, apresento a necessidade premente de retomada da análise marxista do fenômeno pobreza, sustentando que esta é a teoria capaz de tomá-lo de forma concreta. Para tanto, retomo estudos de autores marxistas que buscaram descrever e explicar como Marx tratou o fenômeno; faço observações em relação à compreensão obtida, propondo um retorno à obra marxiana para reparar o que denominei como "problemas de interpretação". A retomada dos estudos de Marx e de marxistas permite questionar profundamente a análise social-democrata que vislumbra a possibilidade de diminuição/erradicação da pobreza. Para Marx e seus seguidores, a pobreza é um fenômeno estrutural que está na base da produção e reprodução do capital. Sua diminuição só pode ser conjuntural e sua erradicação é impossível. Esta corrente teórica sustenta que o capital é incontrolável e que o Estado, posto pelos social-democratas como elemento de controle do capital, é incapaz de fazê-lo, visto que é parte constitutiva da ordem do capital. Isto significa que o controle seria sua própria morte. |