Abstract:
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O objetivo desta tese é analisar a produção discursiva sobre as infâncias e as crianças na Sociologia do Brasil, desde autores clássicos (Freyre e Fernandes), dialogando com autores representativos da Sociologia da Infância na Europa, até à produção recente (1990-2009) das pesquisas, teses e dissertações sobre infância e gênero na Sociologia Brasileira. O referencial teórico dialoga na interface dos estudos de gênero, da Sociologia da infância (SI) e do discurso em Michel Foucault a fim de verificar a emergência discursiva sobre as crianças e as meninas na Sociologia Brasileira, analisando, em especial, a utilização (ou não) do gênero nestes discursos. As questões iniciais que inspiraram esta tese são: Qual é o estado da arte das pesquisas sociológicas sobre as infâncias/crianças no Brasil, e particularmente, como foram abordadas as meninas nestas pesquisas? Existiriam estudos à parte sobre sua situação específica ou estariam elas incluídas na categoria "crianças" e, de certa forma, invisibilizadas? Quais as contribuições teórico-metodológicas da Sociologia da Infância (SI)? Qual a receptividade e articulação destes estudos da SI no Brasil? Até que ponto a construção social da categoria infância teria emergido de uma construção social de gênero bastante pontual na sociedade brasileira? Para responder a estas questões, desenvolvo uma revisão da literatura sociológica sobre gênero e infância a partir de uma pesquisa bibliográfica orientada por dois eixos, o clássico e o emergente/contemporâneo. O primeiro eixo é composto por quatro capítulos, no primeiro apresento um balanço dos principais discursos sobre as infâncias e as crianças na literatura da Sociologia da Infância desenvolvida na Europa, mostrando seus principais referenciais teórico-metodológicos e como esta literatura dialoga (ou não) com a categoria gênero. Nos capítulos 2 e 3, analiso os discursos de Gilberto Freyre sobre as crianças e as meninas orientando-me pela análise de discurso em Foucault e pelos estudos de gênero. No cap. 4, analiso o desenvolvimento dos estudos históricos-sociais sobre o tema nas décadas de 1920-1944, em especial, o texto de Florestan Fernandes sobre as #As trocinhas do Bom Retiro#, observando os possíveis diálogos destes estudos com o gênero e o pensamento de Foucault. No segundo eixo, composto por dois capítulos, analiso a produção emergente e contemporânea nos estudos sociológicos da infância no Brasil. No cap. 5, faço a revisão da literatura sociológica sobre o tema, principalmente os trabalhos de José de Souza Martins (1991) e das irmãs Rizzini (1994,1997), observando o lugar do gênero na produção destes discursos sobre as infâncias, especialmente as meninas. No cap. 6, analiso a produção contemporânea que situo a partir das comunicações nos Congressos da ANPOCS e SBS, entre os anos de 1995-2009, e as teses e dissertações elencadas no Banco de Dados do Portal da CAPES entre os anos de 1990-2009, cujos descritores foram "sociologia da infância", "meninas" e "infância". |