Abstract:
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Os Campos de Altitude do sul do Brasil são formados por comunidades vegetais herbáceas e arbustivas desenvolvidas sobre solo raso e rochoso, estando restritos a serras de altitudes elevadas, onde predomina clima subtropical ou temperado. Constituem uma vegetação relictual marcada por endemismos. O objetivo deste trabalho é caracterizar Campos de Altitude na região do Campo dos Padres, Bom Retiro/Urubici, SC. A área estudada possui 4.900 ha, localiza-se nas bordas da Serra Geral, abrangendo altitudes de 1.500 a 1.827m. Amostrou-se a vegetação através do método do caminhamento, resultando em 214 espécies distribuídas em 48 famílias. As com maior riqueza de espécies foram Asteraceae (50 espécies), Poaceae (32) e Cyperaceae (19), que contribuem também em grande número de indivíduos para caracterizar a fisionomia dos campos. Classificou-se a vegetação através da interpretação visual da imagem do satélite SPOT 4, com auxílio da composição florística dominante verificada in loco. Informações geográficas, descrições da paisagem e registros fotográficos foram organizados em banco de dados. Gerou-se mapa temático de unidades de paisagem com classes de fitofisionomia campestre: campo úmido, campo herbáceo e campo arbustivo e; de fitofisionomia não-campestre: floresta, vegetação de escarpa e silvicultura. Encontrou-se proporção semelhante de cobertura vegetal campestre (46,1%) e florestal (46,5%). Das unidades de paisagem campestre, 783 ha são de campo úmido, 1.145 de campo herbáceo e 330 de campo arbustivo, sendo apontadas também unidades fitoecológicas não detectáveis na imagem de satélite: turfeira e banhado. A paisagem é composta por um mosaico de tipologias vegetacionais, caracterizada por diferentes comunidades climáticas, edáficas e seres sucessionais. Interferências antrópicas, tais como desmatamento, pecuária extensiva e queimadas dificultam a delimitação de campos naturais. Constatou-se a existência de campos antrópicos em sucessão secundária (decorrentes da derrubada de floresta), campos naturais em sucessão primária (sob avanço florestal associado às condições climáticas atuais) e campos naturais secundários (estágio médio a avançado, pois submetidos à pastoreio de baixa intensidade e queimadas). Evidências apontam que o fogo mantém a condição campestre atual, impede o avanço florestal sobre os campos, marca transições abruptas entre campos e florestas e reduz florestas já consolidadas. O acompanhamento da evolução dos campos na ausência de interferências antrópicas constitui oportunidade ímpar para o entendimento da ecologia dos Campos de Altitude. A curto prazo, áreas de turfeiras, banhados e poucas de campo herbáceo parecem não sujeitas ao avanço das formações arbustivo-arbóreas. |