Abstract:
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Neste trabalho pesquisou-se a relação entre o ambiente, a saúde e as políticas de saneamento ambiental nas bacias dos rios Alto Ribeirão e Ribeirão do Porto, na Tapera da Base e Alto Ribeirão, Distrito do Ribeirão da Ilha. Foi utilizado o modelo conceitual FPEEEA (força motriz, pressão, estado, exposição, efeito e ação) adaptado para a área de estudo, como ferramenta de análise para compreender as relações entre a saúde e o ambiente. Para isso, definiram-se três eixos de estudo, dentro dos quais foram determinados indicadores que contemplam: um diagnóstico do ambiente nos aspectos físico, econômico e social; um estudo dos serviços de infra-estrutura de saneamento implantados e a implantar; e, uma análise das ocorrências de doenças de veiculação hídrica. Nos aspectos físicos, deu-se ênfase à qualidade da água dos rios Alto Ribeirão e Ribeirão do Porto e também ao molusco berbigão (Anomalocardia brasiliana) coletado na Baía do Ribeirão. As políticas de saneamento ambiental foram analisadas a partir dos relatórios de atendimento domiciliar feito pelos agentes de saúde locais e dados fornecidos pela CASAN. As doenças de veiculação hídrica foram selecionadas de acordo com a classificação ambiental das doenças infecciosas relacionadas com a água e os excretas, e suas ocorrências, analisadas no período 2002-2006. Os resultados da análise da qualidade da água dos rios e da Baía do Ribeirão refletem a ausência de sistema de coleta e tratamento de esgotos. Valores de coliformes fecais, fosfatos, DBO5, oxigênio dissolvido e amônia apresentam parâmetros fora dos estabelecidos pela legislação, o que evidencia poluição por esgotos domésticos. Em relação ao berbigão, os resultados da análise de estresse oxidativo, sugerem que a qualidade do ambiente e/ou a forma como está sendo explorado, estão repercutindo na sua qualidade alimentar. A análise da ocorrência das doenças de veiculação hídrica indica que, a população da Tapera da Base, está mais exposta ao risco de contrair estas doenças do que a do Alto Ribeirão. O mapa das áreas de risco à insalubridade mostra, que parte deste bairro está situada em áreas de baixa altitude, sujeita à ação de marés e inundações. Os resultados do levantamento das doenças evidenciam esta situação insalubre, ao apontarem médias mais altas das referidas enfermidades do que as do município. Assim, a população que ali vive corre maiores riscos de contaminação, o que pode elevar os gastos na área da saúde, entre outros fatores. Seguindo o princípio da precaução, isto poderia ser evitado com a inserção de políticas públicas de saneamento adequadas à realidade existente naquelas comunidades. |