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Estudos sobre paternidades e masculinidades têm adquirido maior visibilidade na literatura científica brasileira nos últimos anos. No que se refere à paternidade, diversas pesquisas buscam compreender a interação entre pais e filhos no ambiente familiar, compreender seus sentidos, práticas e configurações. Com relação aos estudos de masculinidades, ocorreu uma significativa intensificação destas pesquisas nos anos 80 e 90, impulsionadas principalmente pelos estudos de gênero. Esta dissertação de mestrado se propôs investigar a negociação de sentidos sobre masculinidade e paternidade em contextos populares de Florianópolis, a partir de pesquisa exploratória. O trabalho de campo foi realizado através de entrevistas livres, inspiradas no modo etnográfico de pesquisar, com jovens homens e seus pais. A população pesquisada constituiu-se de cinco jovens, os pais de três deles, duas mães, o irmão de um e a companheira do pai de outro dos informantes. A concepção de sujeito e a orientação teórica da dissertação fundamenta-se no diálogo com a psicanálise freudo-lacaniana e com teóricos/as dos estudos de gênero, masculinidades e paternidades, com especial atenção à produção latino-americana, no que se refere aos dois últimos temas. As tensões entre diferentes práticas de ser pai e homem com a ruptura de um modelo ideal hegemônico e o fortalecimento de novas formas de expressão de paternidade e masculinidade, marcam as histórias dos sujeitos estudados, conforme seus relatos. Se um modelo hegemônico de masculinidade persiste e se ressignifica em alguns dos discursos analisados, já não o faz com exclusividade. Em meio à complexidade dos processos identificatórios e à constatação de uma história de rupturas e transformações, a paternidade, em suas práticas e sentidos, é reinventada. Os discursos sobre paternidade e masculinidade apontam para um momento de mudanças, onde o antigo e o novo convivem e se superpõem nos relatos dos entrevistados. As posições de pai e de homem dos sujeitos desta pesquisa encontram-se e desencontram-se na construção das subjetividades dos informantes, ampliando a arena de possibilidades de expressão de masculinidades e de exercícios de paternidade, evidenciando, em alguns casos, movimentos de mudanças. Os modos tradicionais de ser homem reinventam-se e mesclam-se a novos modelos de masculinidades. Neste campo de possibilidades de novas subjetivações, as mulheres tiveram fundamental participação, influenciando e definindo mudanças, sendo importante ressaltar o seu lugar na construção dos sentidos atribuídos à masculinidade e à paternidade, pelos jovens homens entrevistados e seus pais. |
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