Sociedade do conhecimento e educação superior na década de 1990: Banco Mundial e a produção do desejo irrealizável de Midas

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Sociedade do conhecimento e educação superior na década de 1990: Banco Mundial e a produção do desejo irrealizável de Midas

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Title: Sociedade do conhecimento e educação superior na década de 1990: Banco Mundial e a produção do desejo irrealizável de Midas
Author: Mari, Cezar Luiz de
Abstract: O desenvolvimento das forças produtivas após a segunda Guerra Mundial foi marcado por revoluções tecnológicas e científicas, ampliando a materialidade capitalista. O conhecimento constitui-se como fator central da produção, amplificado pela crise de acumulação do taylorismo-fordismo da década de 1970. O pensamento liberal vislumbra nessa materialidade a "sociedade do conhecimento", cujas promessas anunciam a vinda de uma nova condição social e de desenvolvimento. O nosso objetivo foi apreender esse processo por meio do estudo da noção "sociedade do conhecimento" e sua relação com as reformas no ensino superior brasileiro na década de 1990. Defendemos a hipótese de que a expressão "sociedade do conhecimento" é uma ideologia polissêmica utilizada para a sustentação das relações de poderes entre os países centrais e os periféricos e semiperiféricos e para o aprofundamento da produção de lucro e acumulação. Essa ideologia é articulada às orientações das políticas para a educação superior, recuperando em nova versão a teoria do capital humano, prometendo maior desenvolvimento e alívio da pobreza. O Banco Mundial como intelectual coletivo realiza a mediação das forças globais produzindo e implementando idéias de consenso e coerção, por meio das políticas de ajustes fiscais necessários à condição de acumulação. A "sociedade do conhecimento" adquire nesse âmbito o seu sentido. O Banco Mundial aliado ao Fundo Monetário Internacional impõe condicionalidades que favorecem a abertura de mercado e a reestruturação dos direitos públicos em função de políticas de novos nichos de investimento nos países periféricos e semiperiféricos. Justifica a violência, a pobreza e o atraso como responsabilidade desses países, elidindo as contradições inerentes ao capitalismo, assumindo o papel de financiador e mediador do conhecimento. O poder do Banco Mundial não está tanto na capacidade de realizar empréstimos monetários, quanto em produzir consensos ativos para a adaptação dos países aos "novos tempos". Analisamos as posições teóricas de Daniel Bell e Manuel Castells sobre conhecimento e informação e os criticamos com base no pensamento de Marx, Gramsci e comentadores. Utilizamos documentos do Banco Mundial e dados oficiais dos Ministérios da Educação, Fazenda, Ciência e Tecnologia, que explicitam as políticas científicas, como base empírica da pesquisa e uma bibliografia que trata do assunto para sua sustentação teórica. Concluímos que as políticas neoliberais para a educação superior pública brasileira na década de 1990 impôs sua reestruturação por meio da ampliação da empresa privada no setor e a retração dos direitos públicos na educação. A produção de conhecimentos pragmáticos toma corpo por meio dessas políticas, aprofundando uma visão unilateral do sujeito e a educação recrudesce a função econômica e social. As políticas científicas da década de 1990 consolidam a hegemonia de uma concepção educacional economicista e privatista. O alívio da pobreza e o desenvolvimento, como anunciavam os defensores da "sociedade do conhecimento", são permanentemente negados pela concentração de renda, empobrecimento, desemprego e, principalmente, por meio da ampliação massiva dos negócios no ensino superior privado
URI: http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/88827
Date: 2006


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