Abstract:
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Na esfera administrativa, o conceito de participação é bastante discutido, apresentando-se de diversas formas. Mesmo com essas variações, a participação tem sido muito utilizada como uma forma de superar os obstáculos enfrentados no âmbito organizacional. A problemática deste trabalho tem em vista que: o hospital é considerado uma das organizações mais complexas do sistema de saúde; o hospital público tem enfrentado vários entraves oriundos das políticas de saúde do País, tendo como agravantes sua forma de gestão, baseada na intuição e no improviso, e seus gestores, que normalmente não estão preparados para atividade gerencial tão complexa; os hospitais universitários, além dessas dificuldades, ainda se encontram submetidos às políticas de educação. Neste sentido, o estudo consiste em analisar a participação existente nas relações de trabalho dos gerentes do HU/UFSC. Inicialmente, pesquisou-se na literatura a história das políticas de saúde do País, notadamente no que concerne aos hospitais, bem como se buscou entender o papel do gerente num âmbito hospitalar, e a importância da participação e as suas diferentes formas e níveis num ambiente organizacional. A parte empírica deste trabalho constituiu-se em um estudo de caso, com abordagem qualitativa, sendo utilizada a análise de conteúdo de Bardin. Esta pesquisa teve três etapas: a primeira foi sair a campo para coleta das entrevistas; depois, partiu-se para a descrição dos achados; por fim, foi elaborada a síntese reflexiva desses dados, considerando-se alcançar o objetivo de analisá-los. Com a análise da pesquisa, emergiram quatro categorias: o significado da participação para os gerentes; as formas e os condicionantes da participação vivenciados pelos gerentes do HU/UFSC; a manifestação do poder nas relações de trabalho dos gerentes do HU/UFSC; e como são processos de participação "nos" e "entre" os setores. As conclusões, apesar de mostrarem que leves mudanças vêm ocorrendo, reforçam a urgência de uma participação efetiva nas relações de trabalho desses gerentes. Conclui-se também que é necessário persistir na idéia de que a participação não pode ser entendida somente como uma forma de gestão, mas, acima de tudo, como uma fomentadora para a reconstituição dos indivíduos políticos. |