Tecendo laços: as práticas comunitárias dos escravos em Antonina - PR (1840-1870)

Abstract

Neste trabalho são abordados temas relativos às práticas comunitárias dos escravos em Antonina, cidade situada no litoral paranaense, no período que vai do ano de 1840 até 1870, a partir da interpretação de processos criminais e ações de liberdade. É possível perceber, que mesmo com todas as dificuldades impostas pelo cativeiro, estas pessoas tiveram sensibilidade suficiente para criarem estratégias políticas no sentido de aumentarem seus espaços de autonomia. Elas colocaram limites bem precisos aos desmandos senhoriais. Pode ser visto que interpretaram as medidas "paternalistas" de formas não previstas pelos proprietários e pelas autoridades, e que aproveitaram-se das "brechas" abertas pelas contradições do aparato jurídico que pretendia igualá-las a "bens" e compará-las a animais. Nota-se que uma das maiores violências da escravidão foi a constante separação dos parentes, mas apesar de todas as adversidades, os cativos procriaram mais do que poderia ser imaginado. Percebe-se que uma das maiores lutas destes homens e mulheres talvez tenha sido no sentido de tecerem e refazerem os seus laços de parentesco e de solidariedade. E que estes laços muitas vezes extrapolaram às condições jurídicas de ser livre, escravo ou liberto.