Abstract:
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Os benefícios econômicos e estratégicos da implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) pelas empresas podem refletir-se tanto em ganhos de mercado como em redução de custos, além de facilitar o acesso às fontes de recursos e à entrada nos mercados internacionais, principalmente europeu e norte-americano. Entretanto, na relação entre desempenho financeiro e desempenho ambiental, alguns advogam que os investimentos necessários não compensam os benefícios proporcionados. Dentro desse contexto, os estudos realizados abordando esse relacionamento são contraditórios e, muitas vezes, inconsistentes. O intuito deste trabalho é investigar se a implantação, nas empresas brasileiras, de um SGA de acordo com padrões internacionais e a posterior certificação ambiental segundo a NBR ISO 14001:96 têm impacto positivo no desempenho financeiro dessas empresas. A metodologia estudo de evento é utilizada para identificar a existência de retornos anormais quando a informação sobre a obtenção do certificado NBR ISO 14001:96 pelas empresas é veiculada, analisando-se a hipótese de que o mercado tem expectativas positivas quanto à certificação ambiental. Para complementar o tradicional estudo de evento, além da análise dos retornos anormais, indicadores econômico-financeiros, como Preço/Lucro (P/L), Preço/Valor Patrimonial (P/VPA), Retorno sobre as Vendas (ROS), Retorno sobre os Ativos (ROA) e Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), são utilizados para avaliar o impacto da certificação ambiental no desempenho financeiro das empresas. Participaram do estudo empresas certificadas (desde a introdução da norma em 1996) e com ações negociadas na Bovespa à época da análise. Quanto à certificação ambiental, os dados das empresas e a data da primeira certificação obtida têm como fontes a Revista Meio Ambiente Industrial, o INMETRO, as empresas certificadas e os organismos de certificação credenciados; os dados financeiros, que abrangem o período de janeiro de 1993 a março de 2003, foram obtidos da base de dados Economática. Os dados foram analisados a partir de quatro séries cronológicas distintas: a série anterior à implantação do SGA, a série de implantação do SGA (ou anterior à certificação), a série durante a certificação e a série posterior à certificação. A série composta pelas quatro semanas da janela do evento (durante a certificação), somente foi analisada no estudo de evento. A tendência nos resultados dos indicadores de rentabilidade (ROA, ROE, e ROS) é de aumento no período pós-certificação, porém nem todos estatisticamente significativos. Já os indicadores econômico-financeiros de mercado para análise dos preços das ações (P/L e P/VPA) apresentaram reduções significativas de valor no período pós-certificação. Quanto à metodologia estudo de evento, utilizou-se, para cálculo do retorno anormal, os modelos de retorno ajustado ao mercado, de retorno ajustado ao risco e ao mercado e o CAPM. Para qualquer um dos modelos utilizados, os retornos anormais não sustentaram a hipótese de maior retorno devido à certificação, mas, por outro lado, também não indicaram uma diminuição na rentabilidade associada à implantação do SGA e à obtenção do certificado. |