Abstract:
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Este trabalho configura-se como uma abordagem crítica, uma problematização, de um conceito e de uma categoria, a identidade sexual homossexual, tratando-o como um problema histórico ainda aberto e pertinente à área interdisciplinar das Ciências Humanas. Numa abordagem política da constituição de sujeitos da sexualidade, buscou-se demarcar relações entre o sexo colocado em discurso e um modo de formulação, reconhecimento, ordenação e constituição histórica de uma experiência e de uma subjetividade correlativas ao termo homossexual. Encontrou-se nos trabalhos de Michel Foucault os instrumentos necessários para a construção do percurso metodológico, articulando-se, em uma análise histórica, princípios da arqueologia, da genealogia e da ética. Elegeu-se para a realização desse trabalho a identidade homossexual como um campo de discursos, saberes e práticas que compõem e permitem reafirmar uma determinada experiência histórica da constituição de sujeitos da sexualidade. Tendo em perspectiva as questões do quem somos nós em nosso presente histórico, utilizou-se a rede mundial de computadores, internet, como campo para a pesquisa, considerando sua posição estratégica atual no debate das questões de sexualidade. Foram analisados discursos e práticas relacionados ao tema da homossexualidade das décadas de 70/80 à atualidade, fechando-se com um conjunto de textos denominados Cartilhas, publicados pelo site Mix Brasil, de exposição recente e dirigida a um público homossexual. Foram demarcadas diferentes linhas discursivas na busca por continuidades, transformações e rupturas nos enunciados dessa prática discursiva, servindo ainda à análise de relações entre regras de formação de e normas veiculadas por discursos/práticas e modos de produção de subjetividade. Pode-se acompanhar a identidade homossexual como um modo de problematização d'o que somos que se compõe, se diferencia e se transforma historicamente, constituindo-se como um campo de discursos e práticas que se oferece à subjetivação. Destaca-se, neste campo, o estabelecimento de um modo de subjetivação implicado em sujeição a uma linha política de identificação, em uma conformação subjetiva via identidade. |