Abstract:
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Sob o prisma do episódio histórico da modernidade, a importância estratégica da agricultura vem declinando através dos tempos. Cientistas de renome mundial garantem que há cerca de duzentos anos, a primeira revolução industrial acabou com oito milênios de dependência humana da agricultura. Para a ciência social contemporânea, a tradicional vantagem comparativa dos recursos naturais foi deslocada para uma posição secundária, enquanto a qualificação, o conhecimento e as habilidades humanas assumiram a logística do processo de geração de riqueza, no contexto da terceira revolução industrial. Esse é o conceito que permeia a maioria dos sistemas de planejamento e de políticas públicas, modelados pelo paradigma da sociedade industrial. Um paradigma configurado no decorrer dos últimos cinco séculos que, ao eleger o sistema de mercado - e seu cálculo utilitário de conseqüências - como o referencial hegemônico para regular a vida humana, resultou numa concepção reducionista de recursos, produção, bem estar, saúde, educação, qualidade e sentido da vida, dentre outras questões fundamentais analisadas no arcabouço teórico-conceitual desta dissertação. Num contraponto ao modelo unidimensional centrado no mercado, este estudo procura resgatar as bases epistemológicas de um novo referencial - o paradigma paraeconômico - capaz de permitir que movimentos comunitários e espaços conviviais possam participar, de forma efetiva, do processo de gerenciamento de recursos e da criação de riquezas em bases substantivas e perduráveis, no contexto de um território localizado nas encostas da Serra Geral Catarinense. Valendo-se de conceitos da dialética socrática - predicada pelo filósofo grego Sócrates há cerca de 2.500 anos - esta dissertação empreende um estudo exploratório, incluindo uma pesquisa de campo, numa abordagem multidimensional e transdisciplinar, inerente à sustentabilidade da vida rural, na perspectiva do desenvolvimento territorial: contemplando dimensões sociais, sistemas técnicos e econômicos, num espaço geográfico visto em sua unidade e diversidade. Um estudo que visualizou espaços de convivialidade e a predisposição dos atores sociais para internalizar novas categorias inerentes à sustentabilidade da vida humana e do meio ambiente tais como: recursos, produção, multidimensionalidade, pluriatividade, dimensões transcendente e imanente, agroecologia, dentre outras. Ao final da dissertação são apresentadas considerações e recomendações para, no contexto do território estudado, propiciar condições efetivas para uma vida rural sustentável. |