Abstract:
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Analisa-se as principais mudanças ocorridas no ambiente competitivo, mais especificamente, nas esferas institucional, tecnológica e organizacional, que afetaram a Cadeia Agroindustrial Brasileira e Catarinense do Leite, diante das alterações ocorridas na economia brasileira. Tais mudanças se caracterizam pela abertura comercial e consolidação do Mercosul, desregulamentação do mercado de lácteos, estabilização econômica e também por um novo padrão tecnológico na indústria processadora. O estudo revela que as mudanças ocorridas provocaram impactos estruturais importantes na cadeia brasileira e catarinense. Tais mudanças estão associadas a um intenso processo de fusões e aquisições de empresas e de cooperativas de produtores por grupos estrangeiros, o que tem contribuído para aumentar a concentração econômica na indústria processadora. Verifica-se ainda a existência de um aumento considerável da produção interna, pressionando por melhoria na qualidade da matéria-prima, por aumento das importações brasileiras, principalmente oriundas do Mercosul, contribuindo para elevar o consumo de leite e derivados, entretanto, com quedas acentuadas dos preços aos produtores de leite. A análise da competitividade potencial revela que no cenário mundial da produção de leite há uma convergência produtiva entre os três grupos de países analisados, com possibilidades concretas de expansão da produção leiteira e de maior inserção no mercado internacional para aqueles países que apresentam crescimento via ganhos de produtividade. No âmbito do Brasil, apesar da produção leiteira ter crescido nos últimos dez anos, os níveis de produtividade são ainda muito baixos, comparativamente aos países vizinhos (Mercosul) e também aos demais países do mercado lácteo. Porém, as taxas de crescimento da produtividade brasileira situam-se entre as maiores verificadas no mercado mundial. Mesmo diante de um ambiente institucional desfavorável, constata-se que está em curso um processo de relocalização geográfica e de especialização na produção de leite, com deslocamento da produção das regiões Sudeste e Sul para o Centro-Oeste e Norte brasileiro, com elevado grau de exclusão dos pequenos produtores. No estado de Santa Catarina constata-se que a produção se concentra nos estabelecimentos com área de até 50 ha e que também são verificados os movimentos de relocalização da produção primária e da indústria láctea, em direção ao Oeste e Sul do Estado. Esses movimentos têm permitido à cadeia do leite ocupar maior espaço entre outras cadeias agroindustriais, porém, com exclusão de produtores familiares, o que significa uma forte tendência a uma maior profissionalização e especialização produtiva. De outro lado, verifica-se o surgimento de inúmeros estabelecimentos processadores, de pequeno porte, em diversas regiões do Estado, demandando novas formas de articulação interinstitucional e de coordenação da cadeia láctea catarinense. |