Distribuição espacial do sapo-arlequim Atelopus hoogmoedi na Floresta Nacional de Carajás, Pará, Brasil

Abstract

O estudo sobre os padrões de distribuição e abundância das espécies é um dos focos centrais da ecologia de populações, sendo moldado por processos históricos, evolutivos e biogeográficos. Esses padrões também são influenciados por variáveis bióticas, como competição e predação, e abióticas, como precipitação e temperatura. Tais fatores contribuem para que as espécies apresentem distribuições que podem amplas ou restritas, dependendo de suas exigências ecológicas. Além disso, a distribuição geográfica das espécies pode ser afetada por mudanças climáticas sazonais, resultando em variações temporais, como as mudanças nas estações (seca para chuvosa). Os anfíbios, em particular, são especialmente sensíveis às variáveis abióticas devido às suas características fisiológicas, como a pele permeável e reprodução dependente de ambientes aquáticos ou de umidade adequadas. Este trabalho teve como objetivo compreender a distribuição espacial e os fatores que influenciam a abundância de Atelopus hoogmoedi bem como sua variação temporal na Floresta Nacional de Carajás, localizada no estado do Pará. Para isso, foram coletados dados em nove campanhas realizadas entre 2015 e 2023, com a instalação de 54 parcelas, sendo 30 em ambientes terrestres e 24 em riachos. A amostragem foi realizada nos períodos diurno e noturno, utilizando o método de busca ativa, com registros visuais e auditivos e também coleta de dados de variáveis ambientais no local de amostragem. Além disso, variáveis a nível de paisagem também foram extraídas de banco de dados online como Chelsa Climate e GEDI. Dessa forma, foi possível realizar uma análise com as variáveis locais e também a nível de paisagem utilizando as informações de presença da espécie. As análises revelaram que a espécie ocorre preferencialmente em margens de riachos de primeira e segunda ordem, sendo rara em áreas terrestres e não encontrada em riachos de terceira ordem. Variáveis como temperatura média anual do ar (nível de paisagem), temperatura do ar (local) e pH (local) demonstraram relação com a ocorrência e abundância da espécie, aumentando a probabilidade de detecção de indivíduos à medida que a temperatura aumenta e em riachos com pH menos ácidos (6-8). Já a sazonalidade da precipitação e a altura da vegetação não apresentaram influência significativa. Esses resultados são importantes para a compreensão das variáveis que afetam a distribuição de Atelopus hoogmoedi assim como quais ambientes a espécie prefere.