Análise da Prevalência de Sintomas Neuropsiquiátricos em Idosos Rastreados Positivamente para Demência em Amostra Comunitária de Florianópolis. Dados Finais.

Abstract

Introdução. Os sintomas neuropsiquiátricos são sintomas psicológicos e comportamentais que podem ocorrer em pacientes com demência. Possuem grande ocorrência e implicação clínica e, portanto, passaram a fazer parte dos principais critérios clínicos para o diagnóstico de demência a partir de 2011. Objetivo. Este estudo teve como objetivo avaliar os dados finais acerca da prevalência de sintomas neuropsiquiátricos em sujeitos rastreados positivamente para demência, sob a denominação de Comprometimento Cognitivo e Funcional (CCF), a partir de uma amostra comunitária e representativa de idosos do município de Florianópolis. Métodos. Os idosos avaliados neste estudo foram selecionados do estudo de coorte EPIFLORIPA IDOSO, a partir da segunda onda de 2013-2014; da amostra original de 1184 sujeitos na comunidade, 243 tiveram rastreio positivo para demência, sendo convidados a participar do Estudo de Prevalência de Demência, passando então por avaliação e investigação clínica no HU-UFSC. Os instrumentos utilizados foram o Inventário Neuropsiquiátrico versão reduzida (NPI), a Escala de Atividades De Vida Diária de Bayer (B-ADL), a Avaliação Clínica de Demência (CDR) e a entrevista Cambridge Examination (CAMDEX). Os dados foram submetidos à análise estatística, utilizando-se o programa estatístico SPSS, versão 17. Resultados. Dos 243 sujeitos com CCF, 82 foram avaliados nesta fase; tinham idade média de 77,7 anos (DP: 7,6; 65-109), 74,4 % eram do sexo feminino e 75% tinham até 4 anos de escolaridade. Trinta e quatro sujeitos foram diagnosticados com demência (41,5%). Aproximadamente 80% apresentavam ao menos um sintoma neuropsiquiátrico (média: 3,0; DP 2,6); em torno de 1/3 tinham de 3 a 6 sintomas. Depressão, ansiedade e apatia foram os mais prevalentes (entre 40 e 50% dos sujeitos). Sete sintomas foram associados com maiores níveis de prejuízo funcional. Delírio, alucinações e apatia foram associados a maior gravidade de demência; estes, depressão e desinibição foram associados à presença de demência. Conclusão. Os achados do presente estudo corroboram a associação entre a presença de sintomas neuropsiquiátricos com a morbidade cognitiva e funcional de idosos com transtornos cognitivos na comunidade.