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A partir de dezembro de 2019, a sociedade mundial se deparou com uma nova crise sanitária, a pandemia causada pelo novo coronavírus, SARS-CoV-2, o qual acredita-se ter origem na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei na China. Desde então, o vírus foi detectado em todos os continentes e em praticamente todos os países, sendo o Brasil um dos mais afetados. Até agosto de 2021, o Brasil registrou mais de 34 milhões de casos e mais de 650 mil óbitos, o segundo maior número de mortes no mundo. Diante deste cenário, governos estaduais e municípios foram pressionados a tomar decisões para conter o avanço do vírus, criando os mais diferentes cenários sanitários e epidemiológicos no território brasileiro em termos de rapidez, eficácia e adesão das medidas propostas pelas autoridades e população, devido à falta de um plano nacional para contenção da pandemia. No estado de Santa Catarina, durante o período de realização deste estudo, de março de 2020 a abril de 2021, foram registrados quase 900 mil casos de infecção e cerca de 12 mil óbitos. Esses valores se deram em grande parte pelo surgimento de variantes nativas do Brasil altamente infecciosas como a variante de preocupação Gama (P.1 e P.1.2) e a variante de interesse Zeta (P.2), oriundas da linhagem B.1.1.28 trazida do continente europeu para as Américas, junto com a linhagem B.1.1.33. Todas essas linhagens foram identificadas em amostras coletadas no estado catarinense por meio de sequenciamento de genomas de SARS-CoV-2 e foram abordadas e representadas neste trabalho por meio de modelagem tridimensional de proteínas. Foi dado foco para mutações na proteína Spike, essencial para a entrada do vírus na célula hospedeira e um dos principais alvos de anticorpos. De modo geral, todas as linhagens apresentaram uma substituição em comum, a D614G. Além disso, outras substituições características de variantes específicas foram encontradas nas linhagens descendentes de B.1.1.28 como E484K em P.1, P.1.2 e P.2, assim como K417T e N501Y em P.1 e P.1.2, todas situadas no domínio de ligação ao receptor da proteína Spike, a principal interface de interação com o receptor ACE2. Outras substituições foram encontradas também em outras regiões da proteína, como a subunidade 2, ativa na fusão do vírus com a célula. Conclui-se que o cenário de desordem no enfrentamento à pandemia foi essencial para o surgimento de tantas linhagens nativas, responsáveis por inflar os números de casos e óbitos devido à alta virulência causada pelas substituições encontradas. |
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