Ensino da pesquisa cientifica nas escolas médicas do Brasil

Abstract

Introdução: O desenvolvimento de competências científicas é essencial durante a graduação médica. Este estudo foi realizado por não haver estudos abrangentes sobre distribuição e carga horária (CH) de conteúdos para desenvolver esta competência nos cursos de medicina brasileiros. Objetivo: Analisar a carga horária e distribuição de conteúdos relacionados à pesquisa científica nas escolas médicas do Brasil. Método: Estudo transversal, descritivo com escolas médicas brasileiras ativas em dezembro de 2020. Foram consultados os sites das 335 escolas existentes que disponibilizassem dados sobre semestre(s)/ano(s) de ensino relacionado à pesquisa, CH dessas disciplinas e obrigatoriedade de trabalho para conclusão do curso. Foram também analisados região geográfica, vínculo administrativo e gratuidade da escola e a CH total do curso. Os dados foram analisados com estatística descritiva, test t-student e análise de variância unidirecional, para variáveis contínuas de distribuição normal, teste de Mann-Whitney-U e Kruskal Wallis, para as não paramétricas, e teste do qui-quadrado para variáveis categóricas. O nível de significância admitido foi de p < 0,05. Resultados: Entre 225 escolas analisadas (67,16%), o conteúdo mais frequentemente ofertado foi a epidemiologia, geralmente, no segundo ano do curso, seguido por produção científica no quarto ano e metodologia científica e bioestatística no primeiro ano. Entre 206 escolas que disponibilizavam a CH dos conteúdos (61,5%), a média da CH total de ensino de pesquisa média foi de 175,3 [Desvio Padrão (DP) = 6,1; Intervalo de Confiança (IC)95% = 163,2 – 187,4] e mediana de 160,0 [Percentil 25 e 75 (P25-75) = 120,0 – 221,5], e similar entre regiões geográficas do Brasil, vínculo administrativo e gratuidade da escola, variando de 40 a 496 horas. Conclusões: Conteúdos relacionados à pesquisa científica são inseridos com maior frequência nos dois primeiros anos e no quarto ano e a média de sua CH é similar por região geográficas brasileiras e vínculo administrativo da escola.

Introduction: The development of scientific competence is essential during medical graduation. This study was carried out because there are no comprehensive studies on the distribution and course load (CL) of content to develop this competence in Brazilian medical courses. Objective: To analyze the course load and distribution of content related to scientific research in medical schools in Brazil. Method: Cross-sectional, descriptive study with active Brazilian medical schools in December 2020. The websites of the 335 existing schools that provided data on semester(s)/year(s) of teaching related to the research, CL of these subjects and mandatory work were consulted for completion of the course. Geographical region, administrative link and free of charge of the school and the total CL of the course were also analyzed. Data were analyzed using descriptive statistics, student t test and one-way analysis of variance for continuous variables with normal distribution, Mann-Whitney-U and Kruskal Wallis test for non-parametric variables, and chi-square test for categorical variables. The level of significance admitted was p < 0.05. Results: Among 225 schools analyzed (67.16%), the most frequently offered content was epidemiology, usually in the second year of the course, followed by scientific production in the fourth year and scientific methodology and biostatistics in the first year. Among 206 schools that provided the CL of contents (61.5%), the mean total CL of teaching research average was 175.3 [Standard Deviation (SD) = 6.1; Confidence Interval (CI)95% = 163.2 – 187.4] and median of 160.0 [25th and 75th percentile (P25-75) = 120.0 – 221.5], and similar between geographic regions of Brazil, administrative bond and free of charge from the school, ranging from 40 to 496 hours. Conclusions: Contents related to scientific research are inserted more frequently in the first two years and in the fourth year and the average of their CL is similar by Brazilian geographic region and school administrative link.