As práticas esportivas como dispositivo biopolítico e o jornalismo esportivo na constituição de masculinidades e feminilidades na década de 1950

Abstract

Esta tese tem como objetivos compreender as práticas corporais e esportivas como dispositivos disciplinares que operavam dentro de um quadro da biopolítica e analisar a construção de masculinidades e feminilidades em alguns periódicos esportivos da década de 1950, principalmente a revista Manchete Esportiva, que circulou em todo território brasileiro entre 1955 a 1959. Este foi um período de grandes mudanças sociais e políticas em nosso país, que se inseriu no mercado global de produção com a união do capital estatal com representantes do capital internacional, caracterizado principalmente pela política desenvolvimentista do governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira (1956-1961). Também, nessa década, a institucionalização das práticas esportivas no Brasil já estava bastante adiantada, principalmente o futebol, o que fez surgir vários periódicos dedicados a este tema. Compreendo as práticas corporais e esportivas como dispositivos disciplinares que operavam dentro de um quadro da biopolítica (FOUCAULT, 2008). Assim, os discursos elaborados por jornalistas esportivos estavam dentro de um campo de forças, que buscavam manter o controle sobre as mulheres e os homens das camadas populares. Para tanto, eram idealizados modelos de masculinidades e feminilidades esportivas atravessadas pelas marcações de gênero, classe e raça. As principais categorias utilizadas ao longo da tese estão atreladas às discussões provenientes da história das mulheres, estudos de gênero, história do esporte e da imprensa esportiva; das quais se destacam: mulheres, masculinidades, discurso e subjetividades. Modelos de feminilidades eram reforçados pelas revistas, da mulher frágil, delicada e para o casamento, que na década de 1950 já eram atravessados por falas mais libertárias realizadas pelas mulheres esportistas. Nas masculinidades, a virilidade do atleta era reforçada pelo desempenho da força física. A imagem do valentão é tensionada por outros valores vindos das camadas médias, que valorizavam o controle emocional e moral, para se comportarem como homens responsáveis pela família, que estava longe dos vícios, principalmente das bebidas alcoólicas. Nesse sentido, o jogador também era medido por sua atuação fora de campo.

Abstract: This thesis aims to understand the corporal and sportive practices as disciplinary devices that used to operated inside a biopolitic frame and to analise the masculinity and femininities constructed in some sports journals of the 1950?s, mainly the Manchete Esportiva magazine, that were sold all around the Brazilian territory between 1955 and 1959. This was a period of intense social and political changes in our country, that was inserted in the national production market with the union of states capital with representatives of international capital, characterized mainly by the developmental policy of the government of Juscelino Kubitschek de Oliveira (1956 ? 1961). Also, in this decade, the institutionalization of sports practices in Brazil was already advanced, mainly football, which made many journals dedicated to this theme emerge. I understand the corporal and sportive practices as disciplinary devices that operate inside a biopolitical enlivenment (FOUCAULT, 2008). Thus, the discourses elaborated by the sports journalist were inside a forcefield, that look to keep control over the women and men of the popular layers, for that, were idealized models of masculinity and femininity through gender, class, and race delimitation. The main categories utilized though the theses are linked to discussions from the history of women, gender studies, sports history, and from the sports press, of which are highlighted: women, masculinity, discourse, and subjective. Models of femininities were reinforced through magazines, as the woman, fragile, delicate, and prepared for marriage, which was already being challenged by more libertarians? speeches made from sportswomen in the 50s. In the masculinities, the virility of the athlete was reinforced by the performance of physical strength. The bully's image is strained by other values from the middle classes, which value moral and emotional control, to behave as men responsible for the family, away from addictions, especially alcohol. In this sense, the player was also measured by his performance off-field.