Avaliação da resposta autofágica na modulação do metabolismo celular e patogênese de glioblastoma: uma revisão de literatura

Abstract

O Glioblastoma multiforme (GBM) é o tumor encefálico maligno de maior letalidade e prevalência na população adulta acima de 55 anos. De desenvolvimento irrefreável, o GBM apresenta um elevado índice de reincidência tumoral e mau prognóstico, onde a taxa de sobrevivência é inferior a 5% e a sobrevida média de 15 meses. Diante deste cenário, o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas, que sejam mais efetivas que as terapias convencionais, é de extrema importância. Trabalhos recentes apontam a desregulação nas vias de sinalização autofágica como um dos fatores responsáveis por sustentar o metabolismo celular de GBM. A autofagia é um mecanismo celular conservado que desempenha um importante papel na manutenção da homeostase celular. Apesar de ser um mecanismo celular basal, estudos recentes têm demonstrado que a autofagia pode estar intrinsecamente envolvida na tumorigênese, podendo ser um fator de resistência tumoral e metástase. A fim de avaliar o papel da autofagia na manutenção do metabolismo celular e caráter tumorigênico do GBM, esta revisão tem como objetivo verificar se a autofagia atua como um mecanismo de resistência à morte celular induzida pelas terapias convencionais e avaliar os efeitos da autofagia sobre a proliferação, migração e viabilidade celular de GBM. Foram selecionadas 106 publicações, obtidas na base de dados PubMed, das quais: 53,8% sugerem que a autofagia seria um mecanismo de manutenção do metabolismo tumoral; 38,7% que a indução da autofagia seria um processo promissor como uma terapia adjuvante; e 7,5% não obtiveram resultados conclusivos sobre o papel da autofagia no contexto tumoral de GBM. A autofagia demonstra desenvolver um papel importante na regulação do metabolismo tumoral de GBM, mas, até a data, o seu envolvimento na patogênese desse tumor permanece não elucidado.

Glioblastoma multiforme (GBM) is the most lethal and prevalent malignant brain tumor in the adult population over 55 years of age. Of unstoppable development, GBM has a high rate of tumor recurrence and poor prognosis, where the survival rate is less than 5% and the median survival is 15 months. Given this scenario, the development of new therapeutic strategies that are more effective than conventional therapies is extremely important. Recent works point to dysregulation in autophagic signaling pathways as one of the factors responsible for sustaining cellular metabolism of GBM. Autophagy is a conserved cellular mechanism that plays an important role in maintaining cellular homeostasis. Despite being a basal cellular mechanism, recent studies have shown that autophagy may be intrinsically involved in tumorigenesis and may be a factor in tumor resistance and metastasis. In order to evaluate the role of autophagy in the maintenance of cellular metabolism and tumorigenic character of GBM, this review aims to verify whether autophagy acts as a mechanism of resistance to cell death induced by conventional therapies and to evaluate the effects of autophagy on proliferation, migration and cell viability of GBM. A total of 106 publications were selected, obtained from the PubMed database, of which: 53.8% suggest that autophagy would be a mechanism for maintaining tumor metabolism; 38.7% that the induction of autophagy would be a promising process as an adjuvant therapy; and 7.5% did not obtain conclusive results about the role of autophagy in the tumor context of GBM. Autophagy has been shown to play an important role in the regulation of GBM tumor metabolism, but, to date, its involvement in the pathogenesis of this tumor remains elusive.