Feminino(s) e feminismos: ressonâncias da teoria psicanalítica e dos movimentos feministas na prática de psicanalistas

Abstract

Psicanálise(s) e feminismo(s) possuem, historicamente, seus pontos de tensão e de ligação. É no encontro com a cultura, a história, o corpo e a subjetividade que estes campos vêm demarcar seus contrapontos e tensionamentos, implicados nos eixos da clínica e da política. Esta pesquisa propôs uma discussão acerca das narrativas teóricas e discursivas sobre o feminino na psicanálise e suas interlocuções com os feminismos e o gênero na contemporaneidade. Para tanto, recorreu-se à escuta de psicanalistas mulheres, através de entrevistas, a fim de refletir como, e se, os feminismos atravessam a clínica e a prática psicanalítica. Este trabalho foi composto com trechos, fragmentos e recortes das entrevistas, em conjunção com o aporte teórico que fundamentou as reflexões. Foi apresentado um recorte de leituras freudianas e lacanianas em torno do feminino, revisitando conceitos fundamentais de suas obras tais como, a diferença sexual, a feminilidade e a sexuação. Elucidando também um recorte sobre os movimentos feministas, chegou-se aos estudos de gênero e às interlocuções destes com a psicanálise, tanto historicamente, como na atualidade. Tais diálogos sustentaram reflexões sobre discursos hegemônicos, nós teóricos e processos de subjetivação, apontando que o debate fronteiriço entre feminismos e psicanálise, além de ser teórico é também um eco clínico.

Abstract: Psychoanalysis(s) and feminism(s) have, historically, their points of tension and connection. It is in the encounter with culture, history, the body and subjectivity that these fields come to demarcate their counterpoints and tensions, involved in the axes of clinic and politics. This research proposed a discussion about the theoretical and discursive narratives about the feminine in psychoanalysis and its interlocutions with feminisms and gender in contemporary times. For that, we resorted to listening to women psychoanalysts, through interviews, in order to reflect on how, and if, feminisms cross the psychoanalytic clinic and practice. This work was composed with excerpts, fragments and clippings from the interviews, in conjunction with the theoretical contribution that supported the reflections. A clipping of Freudian and Lacanian readings around the feminine was presented, revisiting fundamental concepts of her works such as sexual difference, femininity and sexuation. Also elucidating a clipping on feminist movements, we arrived at gender studies and their interlocutions with psychoanalysis, both historically and today. Such dialogues supported reflections on hegemonic discourses, theoretical nodes and subjectivation processes, pointing out that the border debate between feminisms and psychoanalysis, in addition to being theoretical, is also a clinical echo.