Avaliação de funções executivas em universitários: investigação das propriedades psicométricas do Inventário de Dificuldades em Funções Executivas, Regulação e Aversão ao Adiamento para Adultos

Abstract

A avaliação amparada na neuropsicologia cognitiva pode prover importantes contribuições à compreensão do funcionamento cognitivo, da aprendizagem e do comportamento de indivíduos com ou sem alterações neurológicas ou psiquiátricas. Esse estudo é um recorte específico dentro de um projeto maior (Bolsa de produtividade CNPq). O objetivo deste estudo é investigar as características psicométricas de uma medida funcional para avaliação de um conjunto de habilidades chamadas de funções executivas e construtos relacionados em adultos, o Inventário de Dificuldades em Funções Executivas, Regulação e Aversão ao Adiamento para Adultos (IFERA-II). Participaram 741 universitários, com idade entre 18 e 58 anos, sendo 470 do sexo feminino, ingressantes de cursos de áreas de humanas, exatas e biológicas de uma universidade privada parceira. Além do IFERA-II, os participantes responderam ao Questionário de Informações pessoais, Escala ABEP de nível socioeconômico, o ASRS-18 para mensuração de indicadores de desatenção e hiperatividade e Teste Cloze de compreensão de leitura. Além disso, o desempenho acadêmico dos estudantes foi disponibilizado pela instituição ao término do ano letivo. A coleta de dados ocorreu nas próprias salas de aula, em 2 sessões de 50 minutos, no início do semestre letivo. A fidedignidade do instrumento foi aferida a partir do Alpha de Cronbach e o método das metades, sendo obtidos os índices 0,89 e 0,87, respectivamente. Averiguou-se - também - que as pontuações em todos os índices do IFERA-II associaram-se de modo significativo e positivo com os indicadores do ASRS-18. Houve apenas uma relação, significativa, negativa e baixa, entre o índice de memória de trabalho do IFERA-II e o desempenho no Teste de Cloze. A análise fatorial exploratória evidenciou 2 fatores empíricos do instrumento - indo de encontro aos 5 fatores teóricos esperados, sugerindo uma divisão de itens que mensuram aspectos mais emocionais/motivacionais (fator 1) ou mais cognitivos (fator 2) do funcionamento executivo. Os resultados provêm evidências acerca da fidedignidade da medida e evidências de validade a partir da convergência com os índices do ASRS-18. Sugere-se que novos estudos aprofundem compreensão de sua estrutura fatorial e que itens sejam revistos levando-se em conta sua pertinência às dimensões avaliadas pelo instrumento, visando seu aprimoramento.