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Incêndios florestais e fogos prescritos ameaçam a biodiversidade, tanto por provocarem a morte imediata de animais e plantas, quanto por gerarem residualmente cinzas, constituídas de compostos tóxicos para a biota. As cinzas podem ser levadas para o ambiente aquático, por ação do vento ou da chuva, influenciando a biologia de organismos residentes. Para peixes, embora existam estudos que avaliem o impacto das cinzas sobre diferentes respostas, as evidências acerca da ecotoxicidade das cinzas para ictiofauna não são conclusivas. Neste estudo, realizou-se uma revisão sistematizada da literatura na base de dados Web of science, para investigar padrões, vieses e lacunas do conhecimento entre os estudos que investigam o impacto das cinzas sobre os peixes. Como resultado, foram encontrados 43 estudos, dos quais extraímos 466 comparações do impacto da exposição às cinzas sobre 11 atributos da ictiofauna. A bioacumulação (28,7%), as alterações metabólicas (28,1%) e a diversidade alfa (10,7%) são as respostas mais estudadas. 45,7% dos testes revelaram que os atributos da ictiofauna não foram afetados pela exposição às cinzas. Outros 40,9% evidenciaram impacto negativo, e apenas 6,9% mostraram alguma relação positiva entre os atributos e a exposição às cinzas. 6,4% dos testes foram descritivos, não envolvendo análises estatísticas. Constatou-se ainda que há um forte viés geográfico nos estudos sobre o tema, com 67,4% destes realizados nos Estados Unidos. Por fim, verificou-se que a origem das cinzas não determina a direção do efeito que a exposição ao poluente terá para os peixes. Dessa forma, demonstra-se que embora algumas populações de peixes, como espécies invasoras, possam ser resistentes à exposição às cinzas, a chegada desse poluente à água pode provocar a extinção local de espécies de peixes menos tolerantes, ameaçando a conservação da ictiofauna. O método usado para o teste de hipótese sofreu alterações em decorrência da continuidade da pandemia de COVID-19. |
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