Conhecimento e percepção de estudantes universitários sobre as recomendações de consumo dos açúcares de adição e os efeitos à saúde

Abstract

Os açúcares de adição são aqueles adicionados aos alimentos e bebidas durante o processamento industrial, às preparações culinárias ou à mesa. A literatura científica aponta diversos prejuízos à saúde oriundos do consumo excessivo desse tipo de açúcares, principalmente relacionados ao desenvolvimento e agravamento de doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes. O consumo excessivo dos açúcares de adição tem sido evidenciado globalmente, com dados indicando essa tendência também no Brasil. Frente a isso, a Organização Mundial da Saúde recomenda que consumo dos açúcares de adição seja inferior a 10% do valor energético total diário. Contudo, há escassez de estudos que investiguem o entendimento de consumidores sobre as recomendações de ingestão e as implicações à saúde decorrente do consumo excessivo de açúcares. O presente estudo objetivou investigar o conhecimento e a percepção de estudantes universitários brasileiros sobre as recomendações de consumo dos açúcares de adição e seus efeitos à saúde. Foi realizado um estudo qualitativo exploratório, com técnica de grupos focais, em uma amostra de conveniência. Foram realizados cinco grupos focais, compostos por 4 a 9 participantes cada. A condução dos grupos foi guiada por um moderador e dois observadores seguindo um roteiro semiestruturado com perguntas relacionadas ao entendimento do que são açúcares, se conheciam a recomendação diária de consumo e as questões relacionadas aos problemas de saúde causados pelo consumo excessivo de açúcar. Como critérios de inclusão nos grupos, os participantes deveriam ser estudantes universitários, moradores da Grande Florianópolis, ter o costume de olhar os rótulos de alimentos industrializados, ter respondido o formulário on-line de recrutamento e não ter formação em Nutrição. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). As entrevistas foram gravadas, transcritas verbatim e submetida à análise temática. Trinta e dois estudantes, metade do sexo feminino e com idade média de 23 anos, participaram dos grupos focais. Destacaram-se falas dos participantes demonstrando que não diferenciavam açúcares intrínsecos de açúcares de adição e que o tipo de plantio da cana ou de processamento do açúcar importava mais do que ser ou não de adição. Além disso, os participantes consideraram que o consumo excessivo de açúcares pode causar dependência e que está relacionado com o desenvolvimento de diabetes. Embora se preocupem com os açúcares, em geral os participantes demonstraram desconhecimento das recomendações oficiais de consumo da Organização Mundial da Saúde. Assim reitera-se a contribuição deste estudo, discutindo temas que podem facilitar o entendimento da população sobre as recomendações de consumo dos açúcares de adição, auxiliando na limitação da sua ingestão e possível diminuição de doenças decorrentes do consumo excessivo.