Interação entre Quatis-de-cauda-anelada (Nasua nasua, Carnivora: Procyonidae) e humanos na Ilha do Campeche, Florianópolis (SC)

Abstract

A riqueza de espécies em um hábitat é influenciada seguindo algumas condições e processos. A teoria da Biogeografia de ilhas considera, por exemplo, que a área insular é uma variável de controle quanto ao número de espécies que uma ilha suporta, assim como a distância em que uma ilha se encontra da porção continental. Um balanço entre estes fatores reflete na diversidade encontrada. A introdução de espécies exóticas traz consequências ecológicas, sanitárias e econômicas, correspondendo a um dos principais problemas causadores de perda de biodiversidade no mundo. Em ilhas, os efeitos nocivos são reconhecidos devido à fragilidade ecológica que as condições insulares apresentam. Compreender os processos de migração, as interações, o nível trófico e as consequências surgidas por essas ações auxilia no entendimento das modificações ocasionadas pela bioinvasão. Todos esses fatores podem ser mediados por ações humanas, sendo essas percebidas e transmitidas pelas pessoas através de seu conhecimento, o qual pode ser abordado através da Etnoecologia. A ilha do Campeche, localizada a menos de dois quilômetros de distância da praia do Campeche, município de Florianópolis, Santa Catarina, abriga atualmente uma vasta população de quatis-de-cauda-anelada (Nasua nasua). O presente trabalho, sob uma perspectiva da Etnoecologia, buscou investigar como é percebida a presença desses animais pelo olhar da comunidade que ainda frequenta o local. A intenção foi evidenciar o conhecimento dos pescadores e trabalhadores da ilha frente à situação ecológica atual dos quatis, assim como perceber a necessidade de interferência nesta realidade.