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O glutamato é o neurotransmissor excitatório responsável por processos como memória e aprendizagem. Porém, quando em excesso na fenda sináptica, o glutamato se torna tóxico, caracterizando o processo de excitotoxicidade glutamatérgica, que está envolvido em diversas doenças neurodegenerativas. A guanosina é um nucleosídeo derivado da guanina, a qual exerce efeitos neuroprotetores em diversos modelos de neurotoxicidade, porém, o seu mecanismo de ação ainda precisa ser completamente caracterizado. Os canais de potássio de alta condutância dependentes de cálcio (BK) são ativados com o aumento de íons Ca2+ intracelular e com a despolarização da membrana celular, provocando um efluxo de K+, e o efeito de sua modulação na neuroproteção da guanosina já foi demonstrado. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito neuroprotetor da guanosina e da ativação dos canais BK em cultura primária de astrócitos hipocampais e fatias hipocampais submetidas à toxicidade glutamatérgica. As culturas astrocitais de ratos Wistar neonatos (0-2 dias), e as fatias hipocampais, de ratos adultos (90 dias), foram incubadas com glutamato (10 mM) por 1 hora para indução do dano. Em seguida, mantidas por 24 e 4 ou 2 horas, respectivamente, para recuperação, onde foram adicionados o ativador de canal BK NS1619 (10uM) e a guanosina (100uM). Em seguida, avaliou-se a viabilidade celular através do ensaio de redução de MTT, bem como a produção de EROs com a sonda DCFH-DA. Além disso, realizou-se o ensaio de imunocitoquímica para identificação de GFAP e Hoechst nos astrócitos hipocampais. Os resultados obtidos demonstraram que a toxicidade glutamatérgica não causou uma redução significativa na viabilidade dos astrócitos hipocampais, além de não ter sido identificado efeito dos tratamentos utilizados. Porém, a guanosina per se exerceu efeito trófico, aumentando a viabilidade celular dos astrócitos. A guanosina per se foi capaz de aumentar a imunorreatividade para GFAP, quando comparada aos astrócitos do grupo controle. A incubação das fatias hipocampais com o glutamato não diminuiu a viabilidade. Entretanto, o glutamato induziu um aumento na produção de EROs, e a ativação dos canais BK foi capaz de reverter este efeito. Estes resultados apontam para a possibilidade da guanosina exercer seu efeito neuroprotetor, frente à toxicicidade glutamatérgica em astrócitos e em fatias hipocampais, somente quando utilizada como um pré-tratamento. O estresse oxidativo observado possivelmente se deve a excessiva ativação dos receptores glutamatérgicos responsáveis por gerar um influxo de íons Ca2+ intracelular. Enquanto a neuroproteção provocada pela ativação dos canais BK provavelmente se deve ao efluxo de íons K+ gerado pela ativação deste canal, com consequente hiperpolarização celular, diminuição dos níveis de Ca2+ e o bloqueio da produção de EROs. |
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