Abstract:
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A produção de suínos é uma importante atividade econômica no Brasil, havendo necessidade de desenvolver mecanismos sustentáveis que visem diminuir o impacto ambiental nessa cadeia produtiva. A biomassa derivada de dejetos suínos possui potencial para ser utilizada como fertilizante, no entanto, a aplicação de dejetos deve vir ao encontro da segurança sanitária, evitando a disseminação de patógenos animais e humanos. Neste estudo, Adenovírus Humano-2 (HAdV-2) foi utilizado como modelo de patógeno entérico, sendo possível avaliar: 1) sua estabilidade térmica em temperaturas naturais (16 e 22ºC), mesofílicas (37ºC) e termofílicas (55ºC); 2) sua inativação por meio da ação biocida da amônia não-ionizada frente aos lodos e efluentes da suinocultura processados em biodigestor anaeróbio. Para a enumeração de HAdV-2, a técnica de inoculação em Cultura Celular (ICC) seguida por tratamento enzimático com DNAseI (et) e posterior transcrição reversa e qPCR (RT-qPCR) (ICCet- RT-qPCR) foi utilizada. Quando as respectivas temperaturas foram aplicadas, os resultados mostraram que para o efluente em 16ºC, HAdV-2 mostrou-se relativamente estável, tendo 2,0log10 de decaimento em 90 dias; nas temperaturas de 22 e 37ºC houve decaimento superior a 3,0log10 a partir de 30 dias de estocagem; Quando em contato com o lodo, HAdV-2 mostrou-se menos estável, sendo que a 16ºC houve decaimento viral de 2,0log10 após 60 dias; nas temperaturas de 22 e 37ºC houve decaimento superior a 2,5log10 a partir de 30 e 20 dias, respectivamente; para 55ºC foram necessárias 12 h para efluente e 24 h para o lodo para o decaimento de 4,0log10. Para o estudo de inativação por amônia não-ionizada, ureia foi utilizada como aditivo alcalinizante, propiciando a conversão de íon amônio em amônia não-ionizada. Foram testadas três concentrações de amônia não-ionizada no efluente e lodo suinícola biodigerido: a) efluente: 171,7 mM (T1), 322,2 mM (T2) e 670,0 mM (T3); b) lodo: 370,5 mM (T1), 786,7 mM (T2) e 1609,4 mM (T3). Os resultados apontaram que no efluente, HAdV-2 foi inativado significativamente em 15 dias nos T1 e T2, com redução de 3,6 e 4,0log10, sendo que no T3 foram necessários 9 dias de tratamento para obter-se uma redução de 3,0log10. No lodo, HAdV-2 foi inativado significativamente em 9 dias nos T1 e T2, com reduções de 3,5 e 4,0log10, respectivamente, sendo que no T3 foram necessários 3 dias de tratamento para a redução de 3,0log10. A estabilidade de HAdV-2 em temperaturas naturais tanto em lodo quanto em efluente suíno biodigerido anaerobicamente, demonstrou que o pós-tratamento de tais matrizes é essencial para um reciclo agrícola seguro. Neste sentido o uso de amônia nãoionizada (condicionada pela adição de ureia) para a inativação de patógenos entéricos é promissor, uma vez que o emprego de temperaturas mesofílicas e termofílicas, mesmo que eficientes, demandam gasto energético, podendo ser economicamente inviáveis. |