Abstract:
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A energia eólica, utilizada comercialmente desde 1976, vem apresentando um impulso em sua geração nas últimas décadas, devido ao esgotamento dos combustíveis fósseis e o aumento do aquecimento global e poluição. No Brasil, o primeiro aerogerador foi instalado em 1992, mas foi somente em 2002 que a instalação de usinas eólicas no país se tornou expressiva. A respeito dos danos ambientais, sabe-se que são principalmente os sonoros, visuais e eletromagnéticos, além dos efeitos sobre a fauna alada. Vários estudos, sobretudo na América do Norte e Europa, tem definido o impacto dos aerogeradores em aves e morcegos (redução e exclusão de habitat disponível, barreira intransponível, colisão com os aerogeradores, eletrocussão no choque com as linhas de transmissão associadas, redução no crescimento e no sucesso reprodutivo) e suas causas (condições meteorológicas adversas, altas densidades, atividade/comportamento e morfofisiologia da espécie, corredores migratórios, aerogeradores antigos). Já no Brasil, o conhecimento relativo a esses impactos, ainda que inicial, está restrito aos relatórios de licenciamento ambiental, praticamente inacessíveis a grande parte da população e pesquisadores; assim, os objetivos desse estudo foram compilar esses impactos, bem como as medidas mitigatórias, e expô-los de uma forma clara aos interessados em geral. Os aerogeradores do arquipélago de Fernando de Noronha apesar de serem poucos, apresentam um impacto significativo sobre as aves marinhas presentes, em razão da importância da área para a avifauna. Já as primeiras usinas eólicas de Pernambuco, Minas Gerais, Ceará, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Norte, por serem de porte não tão elevado, em pequeno número e em regiões onde não há altas concentrações de aves e morcegos, além de corredores migratórios, aparentemente não causam impacto negativo nesses. Em relação ao Rio Grande do Sul, o parque eólico de Osório, em razão de sua localização e porte, tem causado mortes principalmente em morcegos insetívoros durante meses quentes, além da colisão de aves com as linhas de transmissão. Por fim, os grandes parques eólicos em construção e operação principalmente no Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, apesar de reportarem que não há impacto sobre a fauna alada, devem ter seus dados contestados, visto que muitas dessas usinas têm potencial para causar impactos relevantes e estão sofrendo denúncias e investigações de licenciamento irregular, além do que o monitoramento da avifauna e quiropterofauna não foi finalizado, estando em sua maioria ainda na fase inicial. |