Abstract:
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Esta pesquisa busca discutir a reforma curricular proposta para os cursos de graduação no Brasil a partir da reforma educacional da década de 1990, especificamente as mudanças curriculares nos cursos de psicologia. Temos como problema e objetivo de pesquisa identificar quais foram os desdobramentos que a reforma curricular neoliberal da década de 1990 trouxe à formação em psicologia no Brasil. Para isso, faremos uma comparação entre dois momentos históricos diferentes da formação em psicologia no Brasil: as primeiras formulações sobre a formação em psicologia, oficializadas na década de 1960, e as formulações implementadas a partir dos anos de 1990, com a reforma curricular e educacional proposta pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996. Usamos da analise de documentos como metodologia de pesquisa, na perspectiva proposta por Michel Foucault. Pudemos identificar que a reforma da educação brasileira na década de 1990, contingenciada pelo neoliberalismo e sendo uma medida capaz de sustentar um tipo específico de desenvolvimento ao país, é tomada tanto como uma estratégia para imperar a cultura neoliberal quanto para formar este tipo de profissional. É, portanto, uma máquina de produção de subjetividade, pois a educação é pensada como um veículo institucionalizado para transmitir os ideais e o modo de vida neoliberal. Quanto aos currículos de psicologia, pudemos ver que, se antes estes eram estruturados a partir do currículo mínimo, agora estão estruturado a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais. Se pelo currículo mínimo eram organizados por disciplinas e matérias, agora, com as Diretrizes Curriculares Nacionais, temos um currículo organizado por competências e habilidades. Vimos, ainda, o desaparecimento das habilitações e das especialidades na formação em psicologia, ao menos enquanto enunciado, e o surgimento de alguns novos termos que não existiam nas formulações anteriores: eixos estruturantes, perfis de formação e ênfases curriculares. Ademais, como marca neoliberal e tecnicista, estas mudanças na organização do currículo vêm como medida para flexibilizar a formação, visando um profissional que tenha facilidade para adaptar-se às demandas do mercado de trabalho neoliberal e que tenha o saber-fazer como meta da formação, produzindo um(a) profissional despolitizado(a) e acrítico(a).<br>
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