Abstract:
|
Diante da crescente relevância econômica que a produção vitivinícola vem representando para Santa Catarina, o presente estudo enfoca o mapeamento da cadeia produtiva da uva e do vinho catarinense, identificando suas potencialidades e pontos de estrangulamento, além da sinalização de suas perspectivas futuras. Para tanto, utilizou-se como fundamentação teórica as teorias de Cadeias Produtivas Agroindustriais e da Economia dos Custos de Transação, que viabilizaram o mapeamento e posterior análise da cadeia. Além disso, foram realizadas entrevistas com profissionais ligados a vitivinicultura, o que possibilitou a identificação das potencialidades e pontos de estrangulamento da cadeia, e o apontamento de suas perspectivas futuras. Verificou-se que a cadeia vitivinícola catarinense possui três principais pólos produtivos situados nas regiões do Vale do Rio do Peixe, Carbonífera, e do Planalto Catarinense. As regiões tradicionais – Carbonífera e do Vale do Rio do Peixe – apresentam predominantemente produção de vinhos coloniais e de mesa, produzidos em sua maioria por empresas de pequeno porte, com o uso intensivo de mão-de-obra familiar e em terrenos bastante acidentados, que inviabilizam a implantação de uma viticultura mecanizada. Por outro lado, a região do Planalto Catarinense caracteriza-se pela incipiente produção de vinhos finos de altitude, elaborados sob os mais elevados padrões de qualidade e tecnologia, produzidos por empresas de maior porte com grandes investimentos de capital. As regiões tradicionais apresentam tendências a negociações de insumos via mercado, o que abre precedente a comportamentos oportunísticos por parte dos agentes. Já na região do Planalto Catarinense, predomina a tendência a verticalização da produção à montante, devido à especificidade dos ativos necessários para a elaboração de vinhos finos, bem como a especificidade de capital humano qualificado para sua elaboração. Os principais pontos de estrangulamentos identificados dizem respeito à falta de cooperação entre os segmentos da cadeia, especificamente entre vinícolas e canais de distribuição atacadistas. Além disso, verificou-se que a elevada carga tributária incidente sobre a cadeia produtiva faz com que os vinhos nacionais percam competitividade frente aos importados, especialmente os provenientes da Argentina e do Chile. Foram apontadas também as potencialidades do setor, dentre as quais destaca-se o fortalecimento do enoturismo no estado, a projeção nacional que os finos de altitude produzidos em Santa Catarina vêm alcançando, além da crescente organização setorial. Quanto à análise das perspectivas futuras do setor, pode-se destacar que somente a reunião de esforços entre o setor produtivo, ambientes institucional e organizacional, e iniciativas governamentais possibilitará uma expansão sustentável da atividade vitivinícola tanto em Santa Catarina, quanto no Brasil. |