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O presente trabalho tem por objetivo descrever e analisar o papel do Serviço Social como profissão, especialmente do ponto de vista da atuação pericial do assistente social no campo social. Destaca-se a necessidade de situar este tipo de função no contexto da trajetória sóciohistórica da profissão, o que significou, no caso da presente pesquisa, realizar um resgate das abordagens teóricas que, no campo das ciências sociais em geral e do Serviço Social, em particular, reconhecem a natureza socialmente construída desta e de todas as profissões, como resultado das complexas relações que o conhecimento científico-técnico e as profissões estabelecem com a cultura e a sociedade em cada momento histórico, e, particularmente, como conseqüência da divisão sócio-técnica do trabalho coletivo. O estudo tem caráter monográfico, no sentido de abordar a problemática da perícia social, suas limitações e possibilidades, de maneira bastante abrangente, no que diz respeito a sua localização social no contexto do desenvolvimento dos sistemas peritos mais amplos que caracterizam a experiência da modernidade nas sociedades capitalistas no momento contemporâneo, como seria o caso dos sistemas periciais nas áreas da administração da justiça e da previdência social. Neste sentido, propõe-se analisar o papel pericial do Serviço Social como um de seus desdobramentos ou competências específicas #porém, não exclusivas desta profissão # , mas também, como resultado de uma divisão do trabalho que determina quais são as áreas de conhecimento e campos profissionais socialmente reconhecidos como competentes para desenvolver práticas forenses, quais os objetos ou matérias que lhes correspondem, e sob quais condições os laudos dos profissionais do social participam na construção de evidências , provas e verdades. No trabalho também é examinado como o estatuto de uma profissão pode afetar suas funções periciais. Nesse sentido, afirma-se que a existência de uma profissão bem estabelecida ou completamente institucionalizada enquanto tal é condição necessária, porém, não suficiente para formar peritos. Assim, discute-se a ausência de consenso em torno do tipo de profissão que seria o Serviço Social na contemporaneidade, tanto em termos de reconhecimento social e legal, quanto do ponto de vista das próprias auto-definições nos ambientes acadêmicos e corporativos da profissão. Estas divergências alcançam também a questão das práticas periciais, sua pertinência e aplicações. Finalmente, o trabalho discute aspectos referentes à própria natureza do material que seria objeto de laudos periciais, já que o social envolve dimensões tanto individuais quanto coletivas e seu conteúdo fortemente simbólico e de caráter imaterial, coloca um conjunto de desafios éticos, políticos e teóricometodológicos para cujo enfrentamento vislumbra-se um longo percurso de trabalho para a profissão em suas diferentes áreas de atuação |
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