Abstract:
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A etnoecologia é uma abordagem importante para estudos conservacionistas, uma vez que contribui para o conhecimento da biodiversidade dos ecossistemas, por meio do acesso ao conhecimento local, e indica elementos úteis para estratégias de conservação integradas. Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo principal investigar sobre o conhecimento ecológico local, referente as diferentes categorias de uso de plantas e a percepção da paisagem, em duas comunidades humanas situadas na zona de amortecimento de uma unidade de conservação de proteção integral e a relação e envolvimento dessas comunidades com a conservação nesta região. As informações etnoecológicas foram coletadas entre setembro de 2011 a maio de 2012 em duas comunidades do bairro Ratones, Florianópolis (SC). Para a coleta de dados foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas, listagens-livres, turnês-guiadas, coleta de material botânico e ferramentas de pesquisa participativas. Foram registradas 250 etnoespécies conhecidas e utilizadas pelas comunidades, pertencentes a 78 famílias botânicas. Do total de plantas, 191 são efetivamente usadas por moradores das duas comunidades. As categorias de uso de plantas mais citadas foi alimentícia, seguida de medicinal, madeireira, manufatureira e ornamental. As mulheres tem uma relação maior com plantas alimentícias, temperos e medicinais; e os homens citaram mais as plantas madeireiras, manufatureiras, e o manejo de alimentícias. As unidades de paisagem, ou ecótopos, são percebidas por 50% dos entrevistados, sendo estas diferenciadas pelas espécies arbóreas presentes nas unidades (60%), pela vegetação (24%) e pelas espécies arbóreas potencialmente útil nestes locais (16%). Os ecótopos identificados pelos informantes foram "mata virgem", "pinheiral", "capoeira", "capoeirão", "vassourão", "sapé" e "manguezal", "pastagem", "quintal", "roça" ou "plantação", "horta". Foi observado diferenças na contextualização e descrição entre homens e mulheres sobre o que eram esses ecótopos, sendo que os homens abordam de forma mais detalhada os ecótopos citados, do que as mulheres. As duas comunidades entendem a presença da Unidade de Conservação como importante e fundamental para a região onde vivem, embora metade dos entrevistados desconheça a função e atuação da UC na região. Demonstram apoio à conservação e proteção dos ecossistemas da região, entretanto os moradores dessas comunidades se sentem desfavorecidos por verem grande valor ser dado à conservação das plantas e do manguezal e incompreendidos quando proibições são impostas ao acesso que tinham aos mesmos. Constatou-se que é fundamental levar em conta a opinião e o conhecimento de populações que habitam o entorno de áreas protegidas sendo algo relevante para a adequação e melhor funcionalidade dessas áreas, pois nessas populações, existe um número expressivo de pessoas envolvidas com a problemática ambiental local e que podem apontar soluções plausíveis, para as práticas de gestão e estratégias de conservação. <br>
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