Abstract:
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O irrompimento dental inicia-se na cavidade bucal por volta dos seis meses de idade. No entanto, existem casos em que o elemento dental pode estar presente ao nascimento - dente natal, ou até o primeiro mês de vida da criança - dente neonatal. Na maioria das vezes, os dentes natais e neonatais são pequenos, cônicos e pouco desenvolvidos, apresentando uma coloração amarelo-acastanhada e hipoplasia do esmalte. Quando eles estão presentes na cavidade bucal, o exame radiográfico é de extrema importância para avaliar se esses dentes fazem parte da dentição decídua normal ou se são supranumerários. A doença de Riga-Fede é a complicação mais comum associada a essas anomalias. Tal complicação dificulta a sucção e a alimentação, podendo trazer deficiências nutricionais ao bebê. O objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão da literatura sobre os dentes natais e neonatais. Foram utilizadas como fontes de pesquisa as bases de dados PubMed, LILACS, SciELO e Google Acadêmico. Foram incluídos os artigos de pesquisas, revisões de literatura e casos clínicos, totalizando 12 trabalhos publicados no período de 2000 a 2011, e quatro artigos clássicos, do período de 1984 a 2006. As informações necessárias para a realização da revisão da literatura foram obtidas através da leitura dos artigos na íntegra e os dados levantados foram agrupados em subitens com o objetivo de sistematizar os achados. Dos 16 artigos selecionados, dois (12,5%) são do tipo pesquisa, oito (50%) do tipo caso clínico, cinco (31,25%) são revisões de literatura e apenas um (6,25%) é do tipo revisão de literatura e caso clínico. Desses 16 artigos, 12 (75%) relataram tal alteração como um fenômeno bastante raro. Do total de 15 dentes encontrados nos artigos de casos clínicos, oito (53,33%) eram natais e sete (46,67%) neonatais. Desse total, 11 (73,33%) encontravam-se na região de incisivos inferiores e, apenas quatro (26,67%) na região de molares superiores. Doze (75%) artigos afirmam que a sua etiologia é multifatorial. Desses, quatro (33,33%) afirmam que a teoria mais aceita é a posição superficial do germe dental associada à hereditariedade. Onze artigos (68,75%) mostram que os dentes natais e neonatais são geralmente pouco desenvolvidos, cônicos, de cor amarelada, e, geralmente, apresentam alta mobilidade. Oito trabalhos (50%) revelam que o exame radiográfico é de extrema importância para o diagnóstico e/ou tratamento. Dos oito artigos do tipo caso clínico, quatro (50%) relataram o caso de crianças que apresentavam apenas dentes natais e neonatais sem qualquer outra alteração e/ou complicação, e os outros quatro (50%) associaram a presença desses dentes com a doença de Riga-Fede. Dos quatro casos clínicos que apresentavam dentes natais e neonatais sem alterações e/ou complicações, todos optaram pela exodontia dos elementos. Todos os artigos que indicaram a exodontia do dente natal/neonatal recomendaram evitar tal procedimento antes de a criança completar dez dias de idade. Conclui-se que a presença de dentes natais e neonatais é uma condição bastante rara e mais estudos ainda são necessários para confirmar a sua etiologia. O encaminhamento dos Médicos Pediatras para os Odontopediatras para avaliação e recomendações no que diz respeito à higiene bucal é fundamental, pois são esses os primeiros profissionais a ter contato com os recém-nascidos. |