Abstract:
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O reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como língua natural das comunidades surdas do Brasil nos levou a pensar na forma de comunicação utilizada pelas comunidades surdas brasileiras que habitam cidades pequenas e pouco desenvolvidas, distantes dos grandes centros urbanos, cujos habitantes surdos não têm acesso à Libras. Este estudo tem como perguntas norteadoras, as seguintes: existem aspectos linguísticos nos sinais caseiros? Os sinais caseiros expressam satisfatoriamente o pensamento de seus utentes? Para responder a esses questionamentos, iniciamos esta investigação em duas pequenas cidades do Estado do Ceará, em que há surdos em condições de isolamento linguístico, que não têm contato com ouvintes e/ou surdos de centros urbanos usuários de Libras e que, por isso, utilizam sinais caseiros, criados e convencionados por eles e seus familiares, como principal meio de comunicação. Foram três informantes colaboradores desta pesquisa, dois residentes da mesma localidade, Paraipaba, que frequentemente estabeleciam contato entre si, e um terceiro, habitante de Sítios Novos. Os instrumentos utilizados na coleta dos dados foram questionários e câmeras de vídeo. Os dados foram analisados com o auxílio do programa de tradução ELAN, o que permitiu a descoberta de aspectos linguísticos no léxico dos informantes, tais como: combinação dos parâmetros fonológicos na formação dos sinais caseiros, presença de sinais emblemáticos, iconicidade, sinais compostos, pronomes dêixis, referência temporal e o mapeamento corporal. Os sinais produzidos pelos surdos investigados revelam um sistema linguístico natural na modalidade espaço-visual que, embora simples, é capaz de preservar a capacidade cognitiva do indivíduo, e possibilitar sua interação comunicativa com familiares e outros de seu convívio. Por essas razões, os sinais caseiros parecem preencher os quesitos para se qualificarem enquanto língua - uma língua de sinais. |