Combater, eliminar, extirpar e curar: oferta de terapias alternativas para HIV/aids na imprensa brasileira (1986 – 1992)

Abstract

O presente estudo tem como objetivo analisar matérias publicadas em jornais e revistas brasileiras entre os anos de 1986 e 1992 que abordaram a oferta de terapias alternativas para o HIV/aids. A análise fundamenta-se nos conceitos de representação social, conforme formulado por Claudine Herzlich (2008), e de metáforas militares, conforme discutido por Susan Sontag (2007), com o propósito de compreender de que modo as terapias alternativas foram representadas como possibilidades terapêuticas no contexto inicial da epidemia de HIV/aids. Para tanto, foram selecionadas dez matérias veiculadas em sete periódicos distintos: Jornal do Brasil, O Globo, Correio Braziliense, Tribuna da Imprensa, A Tribuna, Diário de Pernambuco e a revista Manchete. Os resultados indicam que a imprensa brasileira desempenhou papel ativo na construção do imaginário social acerca das terapias alternativas, não apresentando, contudo, uma cobertura homogênea sobre o tema, mas sim discursos variados, que oscilaram entre a valorização dessas práticas e a manifestação de certa desconfiança quanto à sua eficácia e legitimidade.

This study aims to analyze articles published in Brazilian newspapers and magazines between 1986 and 1992 that addressed the availability of alternative therapies for HIV/aids. The analysis is grounded in the concept of social representation, as formulated by Claudine Herzlich (2008), and in the notion of military metaphors, as discussed by Susan Sontag (2007), in order to understand how alternative therapies were represented as therapeutic possibilities in the early context of the HIV/aids epidemic. To this end, ten articles published across seven different periodicals were selected: Jornal do Brasil, O Globo, Correio Braziliense, Tribuna da Imprensa, A Tribuna, Diário de Pernambuco, and the magazine Manchete. The results indicate that the Brazilian press played an active role in constructing the social imaginary surrounding alternative therapies, although it did not present a homogeneous coverage of the topic, but rather a variety of discourses that alternated between the valorization of such practices and a certain suspicion regarding their effectiveness and legitimacy.