Mulheres na imprensa brasileira e portuguesa: uma reflexão sobre trajetórias e tensões (1960-1980)

Abstract

Esta tese investiga as trajetórias de escrita de mulheres na imprensa durante os regimes ditatoriais do Brasil (1964?1985) e de Portugal (1933?1974), com ênfase na análise das tensões, estratégias de resistência e práticas discursivas elaboradas em contextos autoritários. Parte-se da hipótese de que, nesses contextos de exceção, a atuação intelectual de mulheres, expressa por meio de produções jornalísticas e literárias, configurou uma forma significativa de resistência simbólica e política. A partir de uma abordagem que articula pressupostos da História Global e da História Conectada, propõe-se uma reflexão sobre os modos pelos quais jornalistas e intelectuais inscreveram suas vozes em espaços midiáticos marcadamente masculinos e submetidos à censura. Entre os materiais examinados, destacam-se periódicos como ?Portugal Democrático? e ?O Pasquim?, que, ao lado de obras literárias e textos ficcionais, permitem observar aspectos da experiência feminina diante da repressão e da exclusão. São analisadas figuras cujas atuações atravessaram os campos da literatura, do jornalismo e do exílio, desafiando os limites impostos pelas ditaduras. Ao privilegiar trajetórias individuais e redes de solidariedade, a tese demonstra como essas mulheres resistiram às estruturas de silenciamento e contribuíram de forma significativa para a produção de narrativas dissidentes, em um contexto marcado pela supressão institucional da liberdade de expressão.

Abstract: This thesis investigates the writing trajectories of women in the press during the dictatorial regimes in Brazil (1964?1985) and Portugal (1933?1974), with an emphasis on the analysis of tensions, resistance strategies and discursive practices developed in authoritarian contexts. The hypothesis is that, in these exceptional contexts, the intellectual activity of women, expressed through journalistic and literary productions, constituted a significant form of symbolic and political resistance. Based on an approach that articulates concepts of Global History and Connected History, the thesis proposes a debate on the ways in which journalists and intellectuals inscribed their voices in media spaces that were markedly masculine and subject to censorship. Among the materials examined, periodicals such as ?Portugal Democrático? and O Pasquim? stand out, which, alongside literary works and fictional texts, allow us to observe aspects of the female experience in the face of repression and exclusion. The thesis analyzes figures whose actions crossed the fields of literature, journalism and exile, challenging the limits imposed by dictatorships. By privileging individual trajectories and solidarity networks, the thesis demonstrates how these women resisted the structures of silencing and contributed significantly to the production of dissident narratives, in a context marked by the institutional suppression of freedom of expression.