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Resumen:
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A busca por curativos biocompatíveis para cobertura de feridas é um assunto emergente no contexto da engenharia de tecidos. Nos últimos anos, a utilização de malhas eletrofiadas vem ganhando destaque dado à similaridade de sua estrutura à matriz extracelular. Assim, a aplicação do poli(vinil álcool) (PVA) é amplamente estudada na literatura devido sua estabilidade química, solubilidade, biocompatibilidade e a versatilidade de incorporação de moléculas bioativas à sua matriz. Assim, matrizes de PVA vêm sendo amplamente estudadas como dispositivos de liberação prolongada e, seguindo tendenciais mundiais, a incorporação de biomoléculas alternativas naturais e hidrossolúveis se destacam entre as pesquisas recentes. Porém, apesar da solubilidade do PVA ser algo vantajoso para a incorporação, no contexto de nanofibras, a busca por formas de reticular esse polímero é essencial para que o material não perca sua integridade. Nesse contexto, o extrato de algas marrons conhecido como fucoidan, um polissacarídeo sulfatado, vem recebendo destaque em estudos devido suas propriedades de estímulo à produção de colágeno, migração celular, proliferação e cicatrização. Dessa forma, o presente trabalho se propôs a investigar o uso de matrizes poliméricas de PVA incorporadas com fucoidan para a obtenção de curativos bioativos. Para isso, inicialmente estudou-se a reação de metacrilação do PVA com metacrilato de glicidila (GMA) para fotoreticulação, que não foi bem sucedida para as condições reacionais propostas. Em seguida, avaliou-se a eletrofiação do PVA em solução com 10% de N, N-dimetilformamida (DMF) e posterior fotoreticulação. A malha obtida – analisada por microscopia de varredura eletrônica (MEV) – apresentou beads em sua morfologia, apontando um estiramento inapropriado do polímero, assim como se apresentou solúvel, mesmo após sua exposição à radiação UV-C. Posteriormente, a incorporação do extrato de fucoidan foi conduzida utilizando a solução de PVA (15% m/m) a uma concentração de 90 mg/g (m extrato/m PVA). O ensaio de liberação in vitro do filme produzido apontou uma liberação de 35% do composto incorporado, apresentando um platô em seu perfil - alcançado em apenas 48 h do início do experimento – e mantido durante 7 dias. Por fim, dos testes de citotoxicidade do extrato de fucoidan, conduzidos pelo ensaio MTS, observou-se um IC50 de 2,8 mg/mL para células de fibroblasto murino (L929), mostrando sua baixa citotoxicidade. Para os filmes, o teste do extrato com 0,1 g dos filmes incorporados com 20 e 90 mg/g apresentou resultados coerentes com o perfil de liberação e citotoxicidade do extrato. Enquanto o extrato do filme de PVA e de PVA + FUC 20 não apresentou citotoxicidade significativa, o extrato do filme PVA + FUC 90 apresentou uma redução para 17% da atividade metabólica. Assim sendo, a matriz desenvolvida não se mostrou citotóxica para a formulação de PVA + FUC 20 assim como apresentou uma liberação sustentada, apontando um potencial promissor para formulação de um curativo bioativo. |